[revista Selecções Reader’s Digest, Agosto de 1997]
Nas últimas décadas, as populações de morcegos cavernícolas têm vindo a diminuir. A perturbação das colónias pelo homem é apontada como sendo o factor mais importante desse declínio. Na época de criação a perturbação das colónias de morcegos pode provocar uma alta mortalidade entre os juvenis (que caem do tecto no meio da confusão) ou levar ao abandono da cavidade. Sabendo-se que as populações de quirópteros são particularmente frágeis devido às baixas taxas de natalidade (cada fêmea tem apenas uma cria por ano e raramente duas), será lícito pensar que as populações afectadas recuperam lentamente o número de efectivos.
Durante o Verão, os morcegos acumulam energia no seu corpo a fim de sobreviverem à falta de alimentos durante a época fria, entrando então em período de hibernação com vista a minimizarem os gastos de energia. Se a hibernação for frequentemente interrompida, devido a perturbações, os morcegos arriscam-se a não sobreviver até à Primavera, época em que poderão novamente caçar no céu nocturno. A perturbação de colónias de morcegos toma proporções particularmente gravosas na região algarvia, devido ao fácil acesso.
Os morcegos que se encontram nas cavernas portuguesas são geralmente da família Vespertilionidae ou da Rhinolophidae. A primeira comporta, no território nacional, cinco géneros e dezoito espécies. As espécies Myotis myotis são as que em maior número ocorrem nas grutas, formando grandes colónias, por vezes com milhares de indivíduos, quer na época de reprodução quer na de hibernação.
Os Rhinolophidae encontram-se representados por quatro espécies, no entanto agrupam-se geralmente em pequenos bandos, encontrando-se muitas vezes apenas um ou dois indivíduos (frequentemente machos).
A fim de proteger as populações de morcegos, será necessário regulamentar o acesso de pessoas às grutas onde se localizam as mais importantes colónias. Não permitir que se visitem ou explorar grutas-abrigo de morcegos na época de hibernação (Novembro a Março) ou de criação (Março a Maio) será um bom começo.
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