Os espeleólogos conhecem suficientemente o problema da queda de animais no fundo de algares, porque deparam com as consequências do fenómeno. Consequências que se manifestam indirectamente pela tendência recorrente dos pastores taparem os algares de modo a evitar a queda de animais ou directamente pela experiência algo desagradável de dar de caras com carcaças ou acumulações de ossos. Menos conhecido, mas mais grave, é quando as quedas envolvem pessoas. Estranho, raro? Nem tanto quanto se possa pensar! O que poucos talvez saibam é que se conhecem vários casos descritos em bibliografia e existem estudos sobre a matéria.
Pit Schubert dedica um capítulo às quedas em algares no segundo volume da conhecida obra Segurança e Risco: Sicherheit un Risiko (Bergverlag Rother, 2002), no original, e Seguridad y Riesgo (Desnivel, 2007), em espanhol. O primeiro volume, publicado pela primeira vez na Alemanha (Bergverlag Rother, 1994) e traduzido para o espanhol Seguridad y Riesgo (Desnivel, 1996), já era uma obra de referência não só para fabricantes e lojistas mas também para praticantes de actividades de montanha.
O capitulo “Las dolinas: un peligro traicionero” aborda dois casos de quedas em pequenos algares com permanência no fundo durante vários dias e saída pelos próprios meios, bastantes casos de mortes devido a quedas, vários desaparecidos supostamente por quedas em algares e também diversos casos animadores de sobreviventes a quedas… Destacamos uma queda de um esquiador, no maciço de Totes Gerbirge (Áustria), em 1948, após a qual uma equipa de resgate conseguiu descer até -200 metros mas em que o fundo do algar continuava tão distante que “las piedras que se dejaban caer para estimar la profundidad desaparecían sin devolver ningún eco”. Na área envolvente foram inventariados 43 outros algares e, muitos anos mais tarde, quando as técnicas modernas permitiram a descida do fatídico algar, foram descobertos alguns ossos humanos a 500 metros de profundidade!
A Comissão de Segurança da Federação Alemã de Montanha (Deutscher Alpenverein - DAV) dedica-se, há mais de 30 anos, ao estudo e implementação da segurança em actividades de montanha. Pit Schubert, desde a fundação da Comissão de Segurança até que se reformou (em 2000), foi o responsável e o motor da investigação em segurança no DAV. Além disso, também foi presidente da Comissão de Segurança da União Internacional de Associações de Alpinismo (UIAA). Este engenheiro mecânico e alpinista extremo é, sem dúvida, um dos mais reputados investigadores na matéria e conseguiu transmitir como nenhum outro os resultados da investigação em segurança em montanha, tanto ao grande público como à indústria do ramo.
Pirinéus (França) © Pedro Cuiça (2005)
Torca de los Caballos (Cantábria) © Pedro Cuiça (2007)
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