30/08/2011

A CONTENDA

No meio da "buraco-logia" já pouco ou nada me surpreende, mas não é todos os dias que nos deparamos com uma contenda que até mete "cacete"! Sendo certo que se trata de homens das cavernas, este não deixa de ser um lamentável episódio ao nível das piores concepções alternativas sobre os pré-históricos trogloditas, no tempo em que supostamente quase tudo se resolveria à mocada!... Parece que se continuam a utilizar métodos similares quando estão em jogo disputas territoriais, a diferença é que antigamente os nossos antepassados talvez fossem mais expeditos (e realistas) ao passarem a "vias de facto" em vez de se limitarem a pontuais ameaças e crónicas "dores de corno" entre tribos. Portanto, 30 mil ou mais anos depois, ainda temos dificuldade em soletrar a palavra "cooperação" preferindo, ao invés, a recorrente "competição"! E se este fenómeno é "derivado" de algum tique científico ao estilo da luta pela sobrevivência num contexto de selecção natural? A ver vamos, se entretanto se fizer luz :)

25/08/2011

O que é que aconteceu?

"Tanto a juvenil adolescente, como a mulher madura - as primeiras imagens da humanidade moderna - são visíveis e tácteis, constituindo as suas superfícies polidas prova das incontáveis gerações cujas mãos acariciaram esses cabelos entrançados e esses contornos carnudos. Ambas subvertem a percepção habitual da trajectória do Homem, de um passado primitivo até ao presente civilizado, forçando-nos a reconhecer que não ocorreram assim tantas mudanças. Ainda que a história cultural da nossa espécie possa remontar a 35 000 mil anos atrás, é claramente "uma só", desde os seus primórdios ao dia actual.
Acresce que a Dame de Brassempouy tem muito mais para contar do que esta perspectiva reconhecidamente inestimável. À semelhança dos primeiros humanos que há vários milhões de anos atravessaram as planícies da savana africana, os seus antepassados directos na Europa - os Neandertais, com as suas sobrancelhas proeminentes e pescoços atarracados (assim chamados em honra do vale alemão Neander, onde foram descobertos os primeiros restos mortais) - também não seriam capazes de criar objectos tão delicados. Ora, os referidos Neandertais tinham muitas virtudes. Com uma capacidade cerebral ligeiramente maior do que a nossa, tinham sido suficientemente resistentes e inteligentes para sobreviverem 250 mil anos no ambiente mais hostil que se possa imaginar, o das recorrentes glaciações que assolaram o continente de forma periódica. Contudo, não nos deixaram uma só imagem como as supracitadas. Assim sendo, a Dame de Brassempouy leva-nos a centrar a nossa atenção, com excepcional clareza, na questão mais importante de todas: o que é que aconteceu durante a transição para o homem moderno? O que é que nos separa e porque é que somos tão diferentes?"
James Le Fanu (2009): Porquê nós?; Civilização Editora

GRUTA CHAUVET

"Sozinhos na grande vastidão, iluminados pelos débeis feixes de luz das nossas lanternas, fomos invadidos por uma estranha sensação. Era tudo tão belo, tão novo e quase em demasia. O tempo fora abolido, como se as dezenas de milhares de anos que nos separavam dos autores daquelas pinturas já não existissem. Era como se eles tivessem acabado de criar aquelas obras-primas. Subitamente, sentíamo-nos intrusos. Profundamente impressionados, sentimo-nos esmagados pela sensação de que não estávamos sós - estávamos rodeados pelas almas e pelos espíritos dos artistas. Parecia-nos sentir a sua presença."
Jean-Marie Chauvet

24/08/2011

A Vida

"Vida orgânica sob as ondas sem praia,
Nasceu e nutriu-se nas cavernas cor de pérola dos oceanos;
Primeiro, formas diminutas, invisíveis aos vidros esféricos,
Moveram-se na lama, ou através da massa de água;
Lá, enquanto gerações se sucediam,
E novos poderes adquiriam, com membros cada vez maiores,
Incontáveis grupos de vegetação surgiram,
E entidades com barbatanas, pés e asas respiraram."
Erasmus Darwin (O Jardim Botânico, 1791)