16/07/2008

Até ao fundo... VI

© L’Aventure et Souterraine (1997)

E porque não há duas sem seis… Acabamos esta sequência de reflexões “Até ao fundo...” com um dos tais exemplos pontuais, a que nos referimos anteriormente, sobre quedas em algares. Trata-se de uma passagem especialmente dura e marcante da obra L’Aventure et Souterraine (Au pré de madame Carle, 1997), da autoria de Michel Bouillon. Este espeleólogo francês, mais conhecido em Portugal através do livro Descoberta do Mundo Subterrâneo (Livros do Brasil, 1973) [Découverte du monde souterrain (Robert Laffont, 1972)], surpreende-nos pela crueza com que descreve os acontecimentos. A tal “frieza” de que nos fala Laurence Gonzales em Quién vive, quién muere y por qué - El arte y la ciencia de la supervivencia (Desnivel, 2006)?
Esta foi uma descida a um algar nos Pirinéus Atlânticos (no País Basco francês), protagonizada pelo famoso espeleólogo Robert de Joly, com vista a confirmar a queda ou não de um camponês desaparecido há alguns anos.
"De Joly descendit jusqu’au fond tandis qu’un des jeunes arrivants l’assurait d’un relais situé à moins trente mètres. Les restes du berger furent trouvés et récupérés. Peu de choses en restait, le pauvre homme avait glissé et était tombé debout, après une chute verticale de 90 mètres. Ses jambes s’étaient enfoncées dans l’argile comme en avait témoigné la position des tibias encore plantés ; le reste du corps s’était affaissé, la tête en avant. De celle-ci il ne restait rien, ayant explosé en heurtant la paroi."

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