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Mortero de Astrana (Cantábria) © Pedro Cuiça (2007)
Um blogue sobre espeleosofia ● A blog about speleosophy
Mortero de Astrana (Cantábria) © Pedro Cuiça (2007)
A associação ecológica Amigos dos Açores, sedeada na ilha de S. Miguel, está a comemorar uma década de trabalhos espeleológicos. As actividades subterrâneas iniciaram-se no ano de 1998, tendo sido visitadas todas as cavidades micaelenses então conhecidas. Dez anos de explorações no interior da Terra, que permitiram um maior conhecimento do património espeleológico do arquipélago e o despoletar de medidas conservacionistas na Gruta do Carvão.
Uma história de grutas e algares
O interesse pelas cavidades da ilha de S. Miguel surgiu em 1998, mas o Grupo de Trabalho de Espeleologia dos Amigos dos Açores (GTEAA) só seria criado em 1991, o que não impediu o desenvolvimento de diversas acções espeleológicas por parte dessa associação ambientalista. Os Amigos dos Açores colaboraram, em 1989, com especialistas das universidades de Edimburgo (Escócia) e La Laguna (Canárias) em estudos de vulcano-espeleologia. No ano seguinte, em estreita colaboração com a associação espeleológica Os Montanheiros (da ilha Terceira) e a Universidade dos Açores, efectuaram trabalhos de campo no âmbito do projecto Biospel – S. Miguel. Em 1991, depois da fundação do GTEAA, foram estudadas diversas cavidades da ilha de S. Miguel, com especial destaque para a Gruta do Carvão (Ponta Delgada). No ano seguinte, foi elaborado um documento em vídeo sobre esta gruta, onde se salienta a sua importância turística, didáctica e científica, vídeo este que foi apresentado no I Encontro Internacional de Vulcano-espeleologia das ilhas Atlânticas, que decorreu em Angra do Heroísmo (na ilha Terceira). Como corolário das acções desenvolvidas, o GTEAA elaborou uma proposta de intervenção museológica na Gruta do Carvão, proposta que foi apresentada em Março de 1994, durante os trabalhos do 1º Encontro das Instituições Museológicas dos Açores, realizado no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada (S. Miguel). Em Janeiro de 1995, com o apoio da Junta de Freguesia de S. José, foram efectuados trabalhos de desobstrução e limpeza da gruta, o que permitiu a circulação em toda a extensão do troço jusante, o qual se desenvolve desde a Rua de Lisboa até à Avenida Antero Quental (num total de 600 metros). Simultaneamente, a associação reuniu com os secretários regionais do Turismo e Ambiente e da Educação e Cultura, com o propósito de apresentar a proposta de musealização da Gruta do Carvão. O GTEAA foi igualmente recebido pelo presidente do Governo Regional dos Açores, a 27 de Abril, e pelo presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, no mesmo mês.
Educação, ambiente e património espeleológico
Em Fevereiro de 1995, foi entregue à Secretaria Regional da Juventude, Emprego, Comércio, Indústria e Energia (SRJECIE) uma memória descritiva e uma estimativa de custos para a proposta de intervenção museológica e dinamização e manutenção. Em Maio, a SRJECIE atribuiu um subsídio destinado à elaboração da primeira fase da referida proposta. Esse apoio permitiu iniciar acções de limpeza, electrificação, estabilização e construção de acessos no troço jusante (Rua de Lisboa) da Gruta do Carvão, troço no qual o GTEAA pretende implementar o projecto de musealização e onde o acesso ao público (nomeadamente escolas) se fará de forma organizada.
No dia 21 de Agosto de 1996 efectuou-se o primeiro reconhecimento do troço montante da Gruta do Carvão, troço que se desenvolve para norte da 2ª Circular de Ponta Delgada. Tal como preconizado no projecto de musealização dos Amigos dos Açores, este troço da gruta, dadas as suas características, será de acesso condicionado. Depois dos trabalhos de campo no referido troço (Rua do Paim), decorreu (em Outubro de 1996) uma nova reunião entre os Amigos dos Açores e a Junta de Freguesia de S. José, onde foi apresentado um esboço do troço em questão e foram discutidas as acções concretas a desenvolver naquela zona da cavidade.
Em Agosto de 1997 realizou-se um encontro com o presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, onde foi entregue o livro “Património Espeleológico da Ilha de São Miguel”, bem como o levantamento topográfico de pormenor da Gruta do Carvão e sua localização na malha urbana. A reunião teve como objectivo a inclusão da Gruta do Carvão no Plano Director Municipal (PDM) e no Plano Geral de Urbanização (PGU).
Em Outubro do mesmo ano foi formalmente apresentada à Secretaria Regional da Agricultura, Pescas e Ambiente, a proposta de classificação da Gruta do Carvão, como Monumento Natural Regional, que foi dada a conhecer a diversas entidades, nomeadamente ao presidente da Assembleia Legislativa Regional (ALR), ao presidente do Governo Regional, aos grupos parlamentares da ALR, à Câmara Municipal de Ponta Delgada e ao secretário regional da Educação e Assuntos Sociais.
Com o intuito de conhecer melhor a riqueza biológica do troço da Gruta do Carvão, que se desenvolve para norte da 2ª circular, foi programada uma campanha bioespeleológica para o primeiro semestre de 1998. Estes estudos permitirão fazer um levantamento das espécies cavernícolas existentes, bem como a seriação de medidas a implementar, tendo em vista a sua conservação, atendendo a que aquela zona esteve, até às obras da 2ª circular, Freguesia de S. José, com o apoio dos Amigos dos Açores, será dada continuidade aos trabalhos de remoção das terras acumuladas, junto à entrada existente nos secadores da Fábrica de Tabaco Micaelense. Na sequência de informações recentes, será efectuada uma exploração à gruta localizada na freguesia de Arrifes, que poderá corresponder ao troço mais setentrional da Gruta do Carvão (referenciado em documentos históricos).
Para além da classificação e recuperação da Gruta do Carvão, os Amigos dos Açores, durante o ano de 98, vão dar seguimento ao projecto que visa a urgente integração da cavidade no roteiro turístico dos Açores.
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Os Amigos dos Açores estão duplamente de parabéns, não só por cumprirem este ano duas décadas de actividade, mas também pela constância e empenho que levaram à classificação e abertura ao público da Gruta do Carvão. Que contém muitos mais anos em prol da espeleologia açoriana e nacional.
A Gruta do Carvão, situada no Complexo Vulcânico dos Picos (na zona poente de Ponta Delgada), é o maior túnel lávico da ilha de S. Miguel (Açores). Actualmente, conhecem-se dois troços distintos, com uma extensão total de cerca de um quilómetro, uma altura máxima de cinco a seis metros e uma largura que ultrapassa os 12 metros. Do tecto pendem numerosas estalactites de lava e as paredes apresentam-se estriadas e ladeadas por longos balcões, surgindo galerias ramificadas e canais sobrepostos.
Não admira que o Grupo de Trabalho de Espeleologia dos Amigos dos Açores (criado em 1991) se tenha envolvido, desde logo, no estudo e apresentação de propostas de conservação dessa gruta (ver jornal Forum Ambiente nº 153, de 31 de Outubro de 1997). O grande interesse suscitado por essa cavidade mereceu inclusivamente a edição de opúsculo intitulado “Proposta de Intervenção Museológica na Gruta do Carvão, Ilha de S. Miguel”, um trabalho de J. P. Constância, J. C. Nunes e T. Braga, editado pelos Amigos dos Açores (1997). No entanto, a tão esperada classificação tarda em ocorrer.
Musealizar para conservar
Os Amigos dos Açores consideram que “a musealização de sítios pode constituir um poderoso instrumento de intervenção sobre o património natural”. Mas não esquecem que o processo de musealização deve conciliar-se com a conservação da natureza. A associação defende assim que a abertura da Gruta do Carvão ao público deve basear-se num programa museológico, mas sem qualquer intervenção museográfica no seu intrior. Para a prossecução destes objectivos, será essencial a classificação da cavidade.
A classificação da Gruta do Carvão afigura-se de primordial importância, pois a conservação da mesma depende do estatuto jurídico que lhe for imputado. Nesse sentido, foi proposta a classificação como Monumento Natural Regional ao abrigo do Decreto Legislativo Regional nº 21/93/A (que aplica, nos Açores, o regime jurídico estabelecido na Rede Nacional de Áreas Protegidas). Os espeleólogos micaelenses julgam igualmente fundamental a criação de um espaço exterior para exposições - um centro de interpretação vulcanológico onde se inicie a visita e que esteja vocacionado para a realização de acções de dinamização pedagógica, ocupação dos tempos livres ou outras.
As potencialidades da Gruta do Carvão podem ser repartidas em aspectos científicos, didácticos e turísticos, sendo reconhecida a sua importância na interpretação de fenómenos vulcânicos. Um excelente cenário para a dinamização de visitas de estudo e de acções de educação ambiental.
Os Amigos dos Açores destacam que “deverá ser dada especial atenção às escolas, articulando as visitas com os programas ecolares”. Apesar de se desejar que as actividades venham a tornar-se instrumentos didácticos ao serviço das escolas, espera-se igualmente a aderência da comunidade em geral.
Classificação aguarda-se
Em Outubro de 1997, os Amigos dos Açores apresentaram à Secretaria Regional da Agricultura, Pescas e Ambiente, a “Proposta de Classificação da Gruta do Carvão como Monumento Natural Regional”, proposta que foi transmitida, nomeadamente, ao Presidente da Assembleia Legislativa Regional, ao Presidente do Governo Regional, à Secretaria Regional da Educação e Assuntos Sociais e à Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Os Amigos dos Açores, em Fevereiro de 1998, realizaram uma visita de trabalho ao troço da Rua de Lisboa, com a Directora Regional do Ambiente, o Director Regional do Turismo e um responsável da junta de Feguesia de S. José. Essa incursão no “mundo da escuridão” serviu para verificar in loco as razões que levaram a encetar esforços no sentido da recuperação edinamização museológica da Gruta do Carvão, bem como para solicitar a sua classificação.
O Conselho de Governo, reunido na Madalena (ilha do Pico), a 5 de Junho de 1998, viria a aprovar a resolução nº 149/98, no âmbito da qual foi manifestada a intenção de proceder à classificação de algumas grutas vulcânicas dos Açores. Para efeito, foi criado um grupo de trabalho composto por diversas entidades públicas, associações espeleológicas e/ou de defesa do ambiente dos Açores. No entanto, passados vários meses, não houve qualquer indício do dito grupo de trabalho ter sido formalmente constituído ou de estar a trabalhar nos objectivos para os quais foi criado, situação que os Amigos dos Açores estranharam, nomeadamente por não terem sido contactados para integrarem o grupo. Sendo a única associação que, em S. Miguel. Tem trabalhado de modo contínuo e com provas dadas no estudo e divulgação das cavernas vulcânicas, existentes na ilha, não seria para menos.
O aparente desinteresse face à urgente classificação da Gruta do Carvão é tanto mais grave quando está prevista a urbanização da zona adjacente à cavidade. E a conveniente conservação da gruta só será viável mediante um mecanismo legal que proteja esse georrecurso cultural. Até lá, restam as boas intenções por parte de diversas entidades, nomeadamente da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Independentemente da evolução do processo, os Amigos dos Açores prometem que “não deixarão de pugnar pela classificação jurídica da Gruta do Carvão e continuarão a realizar trabalho que permita conhecer ainda melhor esta cavidade subterrânea da ilha de S. Miguel”.
Geomonumento a reconhecer
A Gruta do Carvão é a cavidade mais conhecida da ilha de S. Miguel. No século XVI foi descrita por Gaspar Frutuoso na sua obra “Saudades da Terra”. John White Webster (1821) referiu a existência de uma gruta na área dos Arrifes, correspondente ao prolongamento para montante (actualmente inacessível) da Gruta do Carvão. George Hartung (1860) descreveu o interior da gruta e Ernesto do Canto (1881) designou-a “a Gruta da Rua Formosa”. Walter Frederic Walker (1886) referiu o prolongamento da gruta para norte de Ponta Delgada e descreveu algumas estruturas existentes no interior da mesma (“vêm-se agulhas de lava”). Emygdio da Silva (1893) indicou a Gruta do Carvão como sendo “o mais notável dos túneis vulcânicos dos Açores”. Notabilidade que aguarada ainda o devido reconhecimento.
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Atenção espeleólogos
[FORA DE PORTAS ● Jornal Forum Ambiente nº 203, 16 de Outubro de 1998]
O V Encontro Nacional de Espeleologia, organizado pela Associação dos Espeleólogos de Sintra (com o apoio da Câmara Municipal de Sintra e da Vertical - Sociedade de Importação e Comércio de Artigos para as Actividades de Ar Livre), irá efectuar-se no dia 24 de Outubro. No entanto, o local onde este encontro irá decorrer não será, como previsto, no Palácio de Valenças, em Sintra, mas na Casa da Juventude, na Tapada das Mercês. O encontro, subordinado ao tema “Ensino da Espeleologia”, inicia-se às 9 horas da manhã. Não falte.
© Os Montanheiros
A espeleologia açoriana não se pode dissociar do Algar do Carvão. A história de Os Montanheiros desenvolveu-se a par das iniciativas empreendidas nessa cavidade. A única gruta classificada no Arquipélago dos Açores, que aguarda a protecção das suas congéneres.
A vulcano-espeleologia surgiu, no arquipélago dos Açores, em finais do século passado e encontra-se profundamente ligada ao Algar do Carvão. Situado na ilha Terceira, este algar começou a ser explorado a 26 de Janeiro de 1893. A prospecção foi empreendida, entre outros, por Cândido Corvelo e José Luís Sequeira. Em 1934, Didier Couto efectuou a segunda descida e elaborou o primeiro esboço (perfil) da cavidade. A primeira topografia do Algar do Carvão é da autoria de Montserrat e Romero (1983). O algar foi descido pela Sociedade de Exploração Espeleológica Os Montanheiros em Agosto de 1963 (ano da sua fundação). Américo de Lemos Silveira, fundador de Os Montanheiros, dirigiu as operações, que envolveram numerosos participantes.
As obras de abertura de um túnel de acesso à gruta processaram-se de 28 de Maio de 1965 a 28 de Novembro de 1966. A entrada e a primeira escadaria no interior da cavidade foram edificadas em 1968. Nesse mesmo ano, a 1 de Dezembro, verificou-se a abertura ao público. Na década de 70 foi instalada luz eléctrica (1970), construída a actual escadaria (1977) e a casa-abrigo (1978). Os anos 80 viram o reconhecimento do valor da cavidade, com a sua classificação (1987) e a inauguração da nova instalação eléctrica (1988).
O Algar do Carvão foi classificado como Reserva Natural Geológica pelo Decreto Legislativo Regional nº 13/87/A. Dentro da área da reserva, definida pela linha que dista 100 metros da base dos cones que suportam o algar, são proibidas, sob pena de multa, quaisquer alterações no terreno, fauna ou vegetação.
Um geomonumento
O Algar do Carvão situa-se no interior da Ilha Terceira, perto do pico do mesmo nome (639 m), na Caldeira de Guilherme Moniz, a cerca de 1300 metros do Tentadero de Sto. Antão e a 14 quilómetros de Angra do Heroísmo. A melhor forma de chegar a essa “jóia da espeleologia açoriana” é através do ramal da ER5-2ª. Existe uma placa na estrada indicando a localização da cavidade.
O Algar do Carvão está associado ao Complexo Vulcânico do Pico alto, correspondendo a uma chaminé vulcânica e desenvolvendo-se sob dois cones de escórias (bagacina). Estes cones de piróclastos assentam sobre rochas compactas, de natureza andesítica a traquítica, ricas em sílica. O algar é constituído por um troço subvertical de 45 metros de altura e dá acesso a três salas de dimensões consideráveis. Na zona mais interior, a cerca de 90 metros de profundidade, encontra-se um pequeno lago, alimentado pelas águas de infiltração.
Segundo Os Montanheiros, as águas de precipitação que se infiltram facilmente através das escórias não consolidadas do cone vulcânico, ao penetrarem nas rochas compactas e muito fissuradas, de composição andesítica a traquítica, adquirem uma progressão mais lenta favorecendo a dissolução de sílica. Deste modo, depositaram-se, ao longo das fracturas, diversas estalactites de sílica. De facto, o tecto e as paredes da abóbada central estão decoradas por inúmeras estalactites, algumas de grandes dimensões, e no chão desenvolvem-se estalagmites maciças e dispersas que não apresentam grande altura. As paredes da sala mais interior estão recobertas de estalactites de lava e obsidiana (ou vidro vulcânico). Esta rocha que se caracteriza por arrefecimento rápido da lava é extremamente rara no interior das grutas.
Devido à entrada de luz natural, as paredes da chaminé, encontram-se revestidas por povoamentos vegetais, surgindo desde espécies arbóreo-arbustivas, a fetos, musgos, líquenes e algas, nas zonas mais profundas.
Rosalina Gabriel, do Departamento da Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, efectuou da distribuição das comunidades vegetais do Algar do Carvão. O facto de não haver zona afótica nesta cavidade faz com que em toda a sua área surja flora mais ou menos desenvolvida. No primeiro troço da chaminé, as comunidades correspondem a uma extensão da vegetação potencial, a floresta húmida macaronésica. Ai dominam as espécies arborescentes como o Azevinho (Ilex perado), a Urze (Erica azorica) e o Loureiro (Laurus azorica). Segue-se outra zona onde os povoamentos se assemelham aos estratos herbáceos da floresta húmida açoriana. Nessa zona destacam-se as pteridófitas e, abaixo, ocorrem extensos povoados de briófitas. Na base do algar predominam as algas verdes. Saliente-se que o algar apresenta também fauna cavernícola.
O Algar do Carvão encontra-se aberto ao público. Para o visitar basta contactar Os Montanheiros. Uma forma de descobrir as belezas encerradas nas grutas vulcânicas e aperceber-se da importância da sua conservação.
Os Montanheiros - Sociedade de Exploração Espeleológica, fundada em 1 de Dezembro de 1963 na Ilha Terceira, é a mais antiga associação açoriana a dedicar-se ao estudo das grutas e algares do arquipélago. Para além desta sociedade, existe ainda a Secção de Espeleologia dos Amigos dos Açores (na Ilha de S. Miguel) e o GEADA (na Ilha do Pico).
No periodo de 1963 a 1987, a actividade de Os Montanheiros foi sobretudo de carácter recreativo. No entanto, muitos dos trabalhos efectuados (Mottet, 1974; Halliday, 1980, 1981; Montserrat e Romero, 1983; etc.) contaram com o apoio dessa associação espeleológica. Nos últimos anos, porém, Os Montanheiros organizaram e participaram em diversas expedições nas ilhas do Pico, Faial, Flores, Graciosa, São Jorge, São Miguel e Santa Maria, tendo ido exploradas e topografadas mais de 10 mil metros de túneis de lava e 400 metros de algares.
A importância do património vulcano-espeleológico, nomeadamente o seu interesse científico, foi reconhecido pelos espeleólogos. A constatação da progressiva destruição das riquezas subterrâneas da região autónoma levou a que estes desenvolvessem iniciativas com vista à protecção desses valores únicos. Nesse sentido, é de salientar a iniciativa de P. Borges, A. Silva e F. Pereira que defenderam, no sexto Simpósio Internacional de Vulcanoespeleologia (1991), a protecção de todos os túneis lávicos e algares dos Açores. No entanto, até hoje apenas o Algar do Carvão (na Ilha Terceira) se encontra classificado por lei. Das restantes cavidades apenas se conhece um número reduzido (cerca de seis) que são protegidas pelos proprietários dos terrenos.
Um património de valor incalculável
Como já foi notado por Holliday (1981), os Açores apresentam um particular interesse vulcano-espeleológico. Aí encontram-se chaminés vulcânicas de grande espectacularidade (Algar do Carvão, Algar do Cabeço Bravo, Algar do Tambor, Furna Ruim ou Algar do Montoso) e tubos de lava de dimensões consideráveis (Balcões, Chocolate, Queimada, Agulhas, Torres, Montanheiros, Frei Matias ou Soldão).
O estudo dessas cavidades (génese, geomorfologia, etc.), bem como da geologia das áreas onde ocorrem, revela-se bastante gratificante. Sobretudo quando ainda resta tanto por descobrir. A classificação das cavidades geologicamente mais importantes será um passo importante para a conservação desses geomonumentos subterrâneos.
Infortunadamente, algumas grutas (Furna do Cabrito ou Furna d’Água) foram fechadas e modificadas pelo Governo Regional, para aproveitamento e protecção de mananciais. Outras, como a bonita Gruta do Camelo (na Terceira), encontram-se totalmente destruídas pelo mesmo motivo.
Por outro lado, as cavernas proporcionam um meio ideal para o desenvolvimento de uma fauna específica. Aí surgem espécies endémicas que devem ser preservadas a todo o custo. Se o habitat for perturbado, as espécies cavernícolas poderão extinguir-se. Por exemplo, o Trechus montanheirorum Oromí e Borges vive somente junto da entrada da Gruta dos Montanheiros (no Pico). As cavidades com fauna cavernícola devem, pois, ser salvaguardadas de quaisquer impactes, nomeadamente incursões antrópicas.
Entre as cavernas açorianas de interesse zoológico salientam-se, além da Gruta dos Montanheiros, a Furna Ruim, Anelares e Cabeço do Canto (Faial), Gruta do Soldão, Henrique Maciel, Capucha, Arcos e Esqueletos (no Pico), Algar das Bocas do Fogo e Beira (em São Jorge), Gruta dos Balcões, Agulhas, Madre de Deus e Algar do Carvão (na Terceira) e Gruta do Esqueleto e Água de Pau (em São Miguel).
Além do interesse científico e patrimonial, as grutas e algares poderão e devem ser utilizados para acções de interpretação do meio subterrâneo e sensibilização para a sua conservação. O aproveitamento turístico de certas cavidades (como o Algar do Carvão) revela-se igualmente de grande interesse, com benefícios evidentes no desenvolvimento da economia local. Aliás, os espeleólogos verificaram que, por vezes, é possível compatibilizar as actividades de índole turística com a conservação.
Longe da vista, longe do coração
Muitos túneis de lava existentes na Terceira (e também em outras ilhas) são visitados por turistas e população em geral. Segundo os espeleólogos, essas visitas serão positivas, pois as grutas merecem ser visitadas, não fosse os impactes que se verificam. Encontra-se grande quantidade de lixo nas cavidades mais frequentadas, como sejam as grutas do Natal, Balcões e Agulhas (Terceira). Os Montanheiros, no início dos anos 90, limparam as grutas do Natal e das Agulhas e, desde então, têm zelado pela conservação dessas cavidades. Mas os atentados ao património espeleológico continuam a verificar-se noutros locais.
O costume de fazer das grutas e algares vazadouros de lixo é infelizmente prática corrente nos Açores (e não só). Tal como nos carsos do Continente, onde essa prática tem originado problemas de poluição dos aquíferos, nos Açores o lema “longe da vista, longe do coração” parece ser de aplicação geral. Ainda prevalece o hábito de deitar animais mortos para as cavidades, como acontece na Gruta do Galeão, assim como lixos de natureza vária e entulhos, como se verifica na Gruta do Galeão, Gruta do Carvão ou Gruta da Merda.
A conservação das grutas dos Açores torna-se cada vez mais premente. Os espeleólogos defendem a classificação de todas as cavidades. Mas, na impossibilidade de tal acontecer, afirmam que é urgente a determinação das cavernas em que é prioritário actuar nesse sentido. A inventariação das cavernas do arquipélago, efectuada pelos espeleólogos açorianos, revela-se pois o instrumento de trabalho essencial para defesa do património subterrâneo da região.
As 112 cavidades
No anterior FORA DE PORTAS (jornal Forum Ambiente nº 162, de 2/Jan. 98) foi referido que P. Borges, A. Silva e F. Pereira (1991) indicaram perto de uma centena de cavidades nos Açores. Na realidade ultrapassaram esse número, indicaram 112 (88 grutas e 24 algares). Pelo lapso, as nossas desculpas.
O património espeleológico dos Açores vai ser salvaguardado. A Direcção Regional do Ambiente está a elaborar legislação para minimizar a degradação que se verifica em algumas grutas. É o resultado da denúncia de Os Montanheiros, que alertaram para a obstrução da entrada da Gruta da Caldeira.
© Os Montanheiros
As grutas açorianas, com interesse turístico ou científico, vão ser protegidas por legislação regional. A elaboração de normas legais para salvaguardar as grutas do arquipélago foi anunciada, em Outubro passado, pela directora regional do Ambiente, Eduarda Goulart.
A notícia coincidiu com a denúncia por parte de Os Montanheiros - Sociedade de Exploração Espeleológica, da obstrução da Gruta da Caldeira (nos Biscoitos). Esta cavidade, uma das mais importantes da Ilha Terceira e ainda com troços por explorar, não constitui, infelizmente, o único exemplo.
Outras cavidades foram fechadas, inclusivamente com arame farpado. Os Montanheiros já alertaram para diversas situações semelhantes e há muitos anos que reclamam legislação para as evitar, mas apenas encontraram a “passividade das autoridades”. Para José Botelho, de Os Montanheiros, “o Governo já criou legislação para proteger a paisagem, flora e fauna mas tem-se esquecido das grutas e cavidades naturais”.
Legislação precisa-se
A conservação do património espeleológico passará pela criação de legislação específica que mitigue possíveis impactes ambientais no meio subterrâneo. O problema é sentido nos Açores, mas também no Continente e provavelmente na Madeira.
Em Portugal continental, face à crescente pressão no sentido da utilização das cavidades (para fins sobretudo turísticos), os espeleólogos têm igualmente defendido a regulamentação do uso das grutas. Nomeadamente, para impedir a instalação de conflitos entre os diferentes interesses em jogo. A realização de esforços no sentido de sensibilizar as populações, bem como as entidades competentes, para a importância do património cársico - cuja valorização pode influir decisivamente na melhoria das condições económicas e sociais a nível local - é igualmente apontada. Olímpio Martins, espeleólogo do Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros (PNSAC), refere as novas concepções metodológicas que podem passar, a titulo de exemplo, “pela hierarquização do uso do território espeleológico e definição de utilizadores”.
O controlo, nomeadamente pela administração local, do uso e gestão correctos das cavidades, baseado em legislação específica, será pois uma medida a implementar. Apesar de diversas propostas tendentes à classificação das caverns, a Gruta do Zambujal (na Arrábida), o Algarão do Poço dos Mouros ou as Solestreiras (no Carso do Algarve) são das poucas que se encontram protegidas por lei.
Nos Açores, o Algar do Carvão (na Ilha Terceira), classificado como Reserva Natural Geológica pelo Decreto Legislativo Regional nº 13/87/A (e candidato ao título de Património Mundial Natural), constitui o único exemplo. Recorde-se que a associação ambientalista Amigos dos Açores propôs recentemente (jornal FORUM AMBIENTE nº 153 de 31/ Out. 97) a classificação da Gruta do Carvão (na ilha de S. Miguel) como Monumento Natural Regional, ao abrigo do Decreto Regional nº 21/93/A.
A protecção do património espeleológico português encontra-se, pois, no início, restando muito por fazer. Actualmente, torna-se urgente o conhecimento das cavernas em que é necessário uma rápida intervenção conservacionista e, sobretudo, actuar. É nesse sentido que a Direcção Regional do Ambiente, nos Açores, sensível à problemática da conservação das cavernas, pretende agir. “Não podemos optar por uma situação de interditar intervenções em todas as grutas, especialmente as que se encontram em terrenos particulares. Vamos analisar a situação caso a caso”, declarou Eduarda Goulart.
Açores subterrâneo
Embora o património vulcano-espeleológico dos Açores seja único em Portugal e mundialmente conhecido, tem ainda muito por revelar e encontra-se subaproveitado no respeitante às acções de educação ambiental e de interpretação da natureza. O inventário das cavidades terceirenses é bastante exaustivo (já se assinalaram cerca de meia centena de cavidades), resultado do trabalho de Os Montanheiros (associação fundada em 1963), mas noutras ilhas ainda há muito por explorar. Como no Pico, onde também já se registou o fecho de várias entradas de grutas.
O estudo das grutas açorianas remonta ao século passado (Fouque, 1873; Wesber, 1821; Hartung, 1860; Canto, 1881; Walker, 1886; Silva, 1893), mas o primeiro inventário espeleológico do arquipélago surgiu somente em 1989. Neste primeiro censo, realizado por Ogawa, foram referidas 33 grutas e 7 algares, mas P. Borges, A. Silva e F. Pereira, em 1991, assinalaram perto de uma centena de cavidades. Número, hoje, francamente ultrapassado.
O maior túnel de lava - Gruta das Torres (5429 m) -situa-se na Ilha do Pico e o maior algar - Algar do Matoso (137.5 m) - situa-se em S. Jorge. Cerca de 75 por cento das cavidades apresentam um desenvolvimento inferior a 300 metros, mas algumas correspondem a troços de um mesmo túnel lávico. O trabalho que está a ser realizado pela Direcção Regional do Ambiente não se espera, portanto, de fácil execução. Prevê-se que sejam apenas classificadas algumas das muitas cavidades. Mas mais vale poucas que nenhuma. Para que não se repitam casos como o da Gruta do Camelo (na Ilha Terceira), parcialmente destruída para aproveitamento da nascente aí existente.
© Amigos dos Açores
A Associação Ecológica Amigos dos Açores acaba de propor a classificação da Gruta do Carvão como Monumento Regional, ao abrigo do Decreto Legislativo Regional nº 21/93/A. Nesse sentido, a associação elaborou um estudo onde caracterizou a cavidade sob diversos aspectos, designadamente históricos e geológicos.
As grutas estão geralmente associadas a áreas cársicas (Maciço Calcário Estremenho ou Barrocal Algarvio), no entanto, não se circunscrevem somente às rochas carbonatadas (calcários ou dolomias). O arquipélago dos Açores constitui, nesse aspecto, um excelente exemplo. Essa região é particularmente rica em túneis lávicos, devido à abundância de escoadas de natureza basáltica (sobretudo basaltos e hawaiitos), onde são comuns as estruturas do tipo pahoehoe.
As ilhas de S. Miguel, Pico e Terceira apresentam as cavidades mais conhecidas, chamando-se a atenção para a possível confusão entre o Algar do Carvão e a Gruta do Carvão. A primeira situa-se na Ilha Terceira e a segunda, proposta para classificação pelos Amigos dos Açores, localiza-se na Ilha de S. Miguel.
A Gruta do Carvão fica na zona ocidental de Ponta Delgada, no Complexo Vulcânico dos Picos - uma área de vulcanismo fissural recente, composta por cerca de 200 cones de escórias e escoadas lávicas -, e é o maior túnel lávico de S. Miguel. Actualmente, é possível percorrer uma extensão de 1150 metros, em dois troços separados. O troço meridional desenvolve-se ao longo de 600 metros, desde a Rua de Lisboa até ao cruzamento da Rua Pintor Domingos Rebelo (antiga Rua do Carvão) com a Avenida Antero de Quental. O troço setentrional desenvolve-se para noroeste da Rua do Paim, em direcção à Rua da Saúde.
São de destacar, no troço sul, a existência de locais onde o túnel apresenta mais de cinco metros de altura (e, por vezes, mais de 10 metros de largura), amplas salas e microformas vulcânicas. No troço norte salienta-se a existência de dois túneis sobrepostos numa extensão considerável (cerca de 200 metros) e numerosas estalactites de lava.
No troço meridional, a cavidade desenvolve-se sob os secadores da Fábrica de Tabaco Micaelense (FTM), Escola Primária do Carvão e parte das moradias do Bairro da Misericórdia. Entre este bairro e a Escola do Carvão existem terrenos não urbanizados, ocupados presentemente por pastagens. Entre a Rua de Lisboa e os terrenos da FTM, a gruta desenvolve-se em terrenos com moradias. O troço setentrional da gruta encontra-se essencialmente sob terrenos de cultivo e estufas.
Nalguns locais da gruta, próximo do extremo sul dos terrenos da FTM, foram construídos muros de pedra, visando assegurar a estabilidade da mesma. A presença destes muros e de uma antiga instalação eléctrica no interior da gruta atestam a sua utilização pelo Homem desde tempos idos.
Evitar construções
João Carlos Nunes, do Departamento de Geologia da Universidade dos Açores e da associação Amigos dos Açores, declarou à FORUM AMBIENTE que a classificação da Gruta do Carvão visa a sua conservação. Nomeadamente, evitar eventuais construções que ponham em risco esse património nacional. Os Montanheiros, que contam com a equipa de espeleólogos mais antiga existente nos Açores, manifestaram igualmente o grande interesse na preservação da Gruta do Carvão. Luís Parreira, dessa associação terceirense, afirmou à FORUM AMBIENTE que é importante conservar o património espeleológico açoriano.
O valor da Gruta do Carvão reside sobretudo na grande variedade de aspectos geológicos, estruturas e fenómenos típicos do vulcanismo que aí se podem observar. É o caso de estruturas como as bolhas-de-gás ou fendas resultantes do arrefecimento da lava. No tecto da cavidade existem numerosas estalactites primárias (resultantes da solidificação de pingos de lava) e secundárias (fruto da deposição de materiais transportados pelas águas de escorrência).
A interpretação dos fenómenos geológicos inerentes à Gruta do Carvão é reconhecida pelos Amigos dos Açores. A musealização do espaço e a sua utilização priviligiada para acções de educação ambiental contam-se entre os objectivos dessa associação ecológica.
Uma gruta com história
A Gruta do Carvão é a cavidade vulcânica mais conhecida da Ilha de S. Miguel. No século XVI foi descrita por Gaspar Fructuoso, na obra “Saudades da Terra”. Em 1821, John White referiu a existência de uma gruta na zona dos Arrifes correspondente ao prolongamento para montante da Gruta do Carvão. George Hartung, em 1860, referiu-se igualmente a esta caverna. A Gruta do Carvão recebeu também a designação de “Gruta da Rua Formosa”, de acordo com Ernesto do Canto (1881). Em 1886, Walter Frederic Walker, para além de evidenciar a existência do prolongamento da Gruta do Carvão para norte da cidade de Ponta Delgada, descreveu algumas estruturas da cavidade. Emygdio da Silva, na obra “S. Miguel em 1893”, escreve “…é o mais notável dos túneis vulcânicos dos Açores…”. © Forum Ambiente (1997)
Os portugueses decidiram dar um “não” à regionalização. Face aos resultados, o projecto das regiões dificilmente irá avançar nos próximos anos. Contudo, a eventualidade da criação de regiões-piloto não foi posta de parte, nomeadamente no Alentejo (onde o “sim” saiu vitorioso) e no Algarve (onde o “não” constituiu uma surpresa). A alternativa das regiões-piloto levanta, no entanto, diversos problemas, pois será preciso contornar o expressivo “não” a nível nacional.
O debate que antecedeu o referendo evidenciou as assimetrias regionais e a burocracia existente no país. Espera-se agora que, após o “chumbo” da regionalização, se incremente a descentralização. A questão que subsiste prende-se com os resultados concretos no terreno. Como resolver as assimetrias e a burocracia? Como conciliar desenvolvimento e conservação da natureza? Vamos apostar no desordenamento do território ou avançar para um ordenamento efectivo? O Carso do Algarve constitui um excelente exemplo de reflexão.
Antes, durante e depois
O Algarve atravessou um rápido desenvolvimento urbano e agrícola, a partir da década de 60, guiado e implementado pela indústria turística e incrementado pela entrada na Comunidade Europeia, que teve como consequência uma degradação ambiental e paisagística que, afectando sobretudo o Litoral, também atingiu o Barrocal. Os problemas relacionados com o Litoral algarvio são amplamente conhecidos. Mas a crescente pressão sobre o Barrocal, não sendo um dado novo, está longe de ser questionada. O alerta para a importância das grutas algarvias remonta ao século passado (Estácio da Veiga, 1886), mas o património espeleológico da região tem sido votado ao ostracismo. A degradação do carso subterrâneo tem-se processado perante a inoperância ou desinteresse das entidades responsáveis, tal como acontece com o carso superficial. A urbanização das colinas calcárias (que começou a ter expressão significativa na década de 90) tem aumentado a “olhos vistos”, provocando a adulteração da beleza natural do Barrocal. Existem diversas casas nas linhas de cumeada e nas vertentes, o lixo e entulho marcam presença e aquilo que era campo começa a transformar-se em área suburbana. Vejam-se os cerros da Goldra (288 m) ou Nexe (360 m). As casas cercam S. Miguel (410 m), Bita (119 m) ou Guilhim (313 m) e aproximam-se da vertente nordeste do Cerro da Cabeça. Os exemplos são diversos.
O grande desenvolvimento da rede viária, de que a Via do Infante e acessos serão o exemplo mais expressivo, também contribuíram para a degradação e adulteração do Barrocal. O impacte sobre o Algar dos Amendoais constitui um caso encoberto (porque subterrâneo) da influência das vias de comunicação sobre o meio. A acção das pedreiras sobre a paisagem e afloramentos, apesar de pontual, também é questionável.
Não se questionando as transformações do meio, inerentes à própria evolução das populações, reconhece-se, no entanto, a necessidade de implementar um desenvolvimento sustentado que não descure as componentes social, ambiental e cultural, devendo-se optar pela preservação in situ de monumentos naturais, como defende A. M. Galopim de Carvalho do Museu Nacional de História Natural.
Resta agora aguardar que a descentralização resolva os problemas apontados. As autarquias, no entanto, terão e apresentar uma postura diferente da que têm tido até ao presente. A defesa do meio ambiente é urgente e não se compadece com os erros do passado.
O Spelaion