16/01/2009

Ne-ander (e) tal

Eles andam aí?!


Logo que a revista National Geographic Portugal, de Novembro de 2008, chegou às bancas pensei escrever uma pequena nota no Spelaion sobre dois artigos de grande interesse:
1) “A Chave na Gruta dos Ossos”, sobre a escavação de uma jazida arqueológica na Roménia por uma equipa liderada pelo arqueólogo e espeleólogo português João Zilhão;
2) e “Os Últimos Neandertais”, a peça que foi capa desse número (92) da National Geographic.
A publicação da tal nota não se verificou, por manifesta falta de tempo, mas, como diz o povo, antes tarde do que nunca…
O primeiro artigo a que fazemos referência não mereceria grande destaque não fosse o facto de os restos osteológicos em causa apresentarem traços morfológicos correspondentes simultaneamente ao homem moderno (Homo sapiens sapiens) e aos neandertais (Homo sapiens neanderthalensis). Essa descoberta, na sequência do denominado “menino do Lapedo”, um esqueleto de uma criança com cerca de 30 mil anos, veio ao encontro daquilo que os investigadores João Zilhão e Erik Trinkaus sugeriram então: o esqueleto da criança do Lapedo provaria a miscigenação entre os neandertais, que subsistiram na Península Ibérica até há cerca de 35 a 37 mil anos, e os homens modernos
O capítulo seguinte desta história seria escrito na Roménia, numa região onde o Danúbio corre encaixado num profundo canyon. Um grupo romeno de espeleologia descobriu, naquela que seria baptizada “Gruta dos Ossos”, uma jazida com restos ósseos, entre os quais uma mandíbula humana com cerca de 40 mil anos. Os difíceis trabalhos arqueológicos que se seguiram, conduzidos por Zilhão e Trinkaus, levaram à conclusão de que os humanos aí descobertos possuíam uma herança genética não africana, atribuível a um legado de intercâmbio biológico com os neandertais.
Os Últimos Neandertais” aborda, entre outras, a descoberta e o estudo de uma grande jazida de neandertais na gruta de El Sidrón (Espanha), de que resultou a reconstituição de uma mulher Neandertal baseada em anatomia fóssil e DNA antigo. “Numa caverna francesa, junto a Arcy-sur-Cure, foi descoberto um osso de Neandertal numa camada de sedimentos que também continha objectos ornamentais como dentes de animal furados e anéis de marfim, um indício de arte decorativa. Mais recentemente, os cientistas Francesco d’Errico e Marie Soressi analisaram centenas de blocos de dióxido de manganésio oriundos de Pech de l’Azé, outra caverna francesa onde viveram Neandertais, e sugeriram que o material era um pigmento negro utilizado para decorar o corpo.” As surpresas não ficam por aqui… O ideal será ler ambos os artigos na integra. Por último, também recomendamos a leitura do artigo “O ser humano parou de evoluir?”, sobre o trabalho desenvolvido pelo cientista Steve Jones do University College de Londres (Courrier Internacional nº 155, de Janeiro de 2009, pg. 67).

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