26/01/2009

Gruta de Porto Covo

A Câmara Municipal de Cascais efectuou, no dia 27 de Novembro de 2008, o lançamento da obra A utilização pré-histórica da gruta de Porto Covo (Cascais), da autoria do arqueólogo Victor S. Gonçalves. O livro sobre essa emblemática cavidade inicia uma nova colecção de edições municipais: Cascais - Tempos Antigos. Com esta colecção, a autarquia pretende incentivar a publicação e a divulgação de estudos monográficos sobre o passado remoto do concelho de Cascais. Na calha estão mais dois títulos, de que se destaca A ocupação pré-histórica das furnas de Poço Velho, também da autoria de Victor S. Gonçalves.
Ao estrear a série com um volume dedicado à Gruta de Porto Covo denota-se a intenção de começar por sítios arqueológicos menos divulgados. O estudo desta gruta iniciou-se no final do século XIX, sob orientação do arqueólogo Carlos Ribeiro, tendo, nos 40 e 50 do século XX, sido retomado por Afonso do Paço e Maxime Vaultier. Justificava-se, pois uma revisão monográfica à luz dos conhecimentos e tecnologias actuais. Mais do que o próprio espaço da gruta, foi o espólio proveniente das antigas escavações que agora mereceu uma análise minuciosa por parte do Prof. Doutor Victor S. Gonçalves, com a colaboração da Prof.ª Ana Maria Silva, que realizou a análise antropológica, e da Dr.ª Ana Ávila de Melo, que teve a seu cargo toda a pesquisa de arquivo do Instituto Geológico e Mineiro.
O espólio da gruta reúne conjuntos de artefactos de pedra lascada, de pedra polida e cerâmicos, fauna malacológica e ossos humanos. Através da realização de uma análise por radiocarbono foi possível definir duas ocupações distintas no quarto milénio (3710-3630 e 3620-3120 a.C.) e no terceiro milénio (2870-2500 a.C.). Curiosamente na gruta do Poço Velho, situada no centro de Cascais, apenas se regista presença humana a partir do quarto milénio, como poderá comprovar-se no terceiro volume da colecção (a editar).
De forma conclusiva, o autor dá por findas as actuais investigações com as seguintes palavra: “(…) certamente e sem qualquer dúvida, [Porto Covo] foi uma necrópole onde se depositaram sete indivíduos, seguramente três mulheres e duas crianças (com menos de cinco anos) e quase certamente dois homens. A sua pequena dimensão e situação isolada podem permitir a conclusão de que se tratava da necrópole ocasional de um minúsculo núcleo de povoamento pouco estável, pela cronologia que os ossos revelaram.”.

[Fonte: Cascais -agenda cultural (nº 36, Jan./Fev. 09) e A utilização pré-histórica da gruta de Porto Covo (Cascais)]


Gruta de Porto Covo © Pedro Cuiça (2008)

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