A noite dos morcegos
[FORA DE PORTAS ● jornal Forum Ambiente nº 303, 3 de Outubro de 2000]
As populações de morcegos diminuíram nas últimas décadas e algumas espécies enfrentam a ameaça de extinção. A “Noite Europeia dos Morcegos” decorreu no castelo de S. Jorge, com o objectivo de promover a conservação desses mamíferos voadores.
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A “Noite Europeia dos Morcegos” decorreu, nos dias 22 e 23 de Setembro, no Castelo de S. Jorge, em Lisboa. A iniciativa, que visou a sensibilização dos cidadãos para a situação critica em que se encontram várias espécies de morcegos, foi organizada pelo Instituto de Conservação da Natureza e pela Associação dos Tempos Livres de Lisboa. O evento contou com a participação da Associação de Espeleólogos de Sintra, do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul e do Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens.
A ameaça de extinção de algumas espécies de morcegos levou à criação do “Acordo sobre a Conservação dos Morcegos da Europa”. Acordo que Portugal aprovou e passou a aplicar através do Decreto-Lei nº 31/95, de 18 de Agosto. A “Noite Europeia dos Morcegos” resultou desse acordo e já se realiza desde 1997 em diversos países. Os países da Europa Central e de Leste foram os primeiros a aderir, mas o alargamento aos restantes países do acordo verificou-se no ano passado. Portugal não participou nessa iniciativa mas, este ano, foram organizados dois eventos distintos: em Viana do Castelo (5 de Junho) e em Lisboa (22 e 23 de Setembro).
Morcegos no castelo
A “Noite Europeia dos Morcegos”, no Castelo de S. Jorge, foi animada por diversas iniciativas com vista à conservação dos quirópteros (os morcegos). O dia de sexta-feira foi dedicado fundamentalmente às turmas do ensino pré-primário, do 1º ciclo e ATL. As actividades de sábado foram dirigidas essencialmente às crianças, mas a participação esteve aberta a todos os visitantes. Estes puderam participar num pedipaper, assistir à passagem de diapositivos sobre morcegos, ver uma exposição de trabalhos preparados por alunos ou conhecer o atelier “Grutas dos Morcegos” (com a exploração de duas grutas artificiais). Foi possível ainda participar numa sessão de detecção de morcegos, utilizando conversores de ultra-sons.
Nas últimas décadas tem-se assistido, especialmente na Europa, a um declínio das populações de algumas das espécies de morcegos, especialmente na Europa. Das 24 espécies de morcegos presentes em Portugal continental, nove estão em perigo de extinção.
© Pedro Cuiça
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Perturbação dos morcegos
A situação de ameaça de extinção em que se encontram diversas espécies de morcegos europeias torna imperativa a defesa das suas colónias. A perturbação antrópica das colónias de morcegos cavernícolas é apontada como sendo um dos factores mais importantes de declínio.
O desaparecimento de uma colónia provoca consequências difíceis de avaliar nos ecossistemas da região e das próprias grutas, onde se poderá verificar o colapso da comunidade de invertebrados cavernícolas. O guano que se acumula no interior das cavernas é o suporte de uma fauna particular.
A fim de proteger as populações de morcegos, será necessário regulamentar o acesso de pessoas às grutas onde se localizam as mais importantes colónias. A conservação das populações de quirópteros terá de passar pela consciencialização e sensibilização das pessoas para a importância da conservação desses peculiares animais. Não visitar ou explorar grutas-abrigo de morcegos na época de hibernação (Novembro a Março) ou de criação (Março a Maio) será um bom começo.
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