21/07/2011
As casas dos espíritos
20/07/2011
Vida Subterrânea
"As luzes pulsaram e mudaram de cor... assim como tudo à minha volta! Voltou a ser tudo escuro... Ah, estamos debaixo do solo... é um planeta onde a Vida só pôde desenvolver-se nas suas entranhas!
14/07/2011
E agora, a LUA!...
"A Senhora da Conceição é a que concebe, a que engendra, a que dá à luz. O nome é entendido de modo activo, como um agente com iniciativa de conceber. (...) Ela é a da Concepção." (Espírito Santo, 2004; p. 102)
"Esta invocação e esta imagem foram o melhor caminho para se passar do culto matriarcal da Magna Mater, da Criadora para o de Maria." (Espírito Santo, 2004; p. 105)
13/07/2011
A atracção... (II)
A atracção...
Atracção porque, à semelhança de outros casos congéneres dispersos pela geografia nacional e ao longo do tempo, o "pessoal" não resiste aos encantos ou mistérios de um buraco e ainda para mais cuja entrada esteja barrada por portão, gradeamento ou outra solução semelhante: é o fruto proibido! Vandalização porque é o que acontece a muitas das cavernas de fácil acesso e que começa, desde logo, pela destruição total ou parcial da solução adoptada para tentar impedir a entrada. Invento porque se trata frequentemente da invenção adoptada para, em nome de um intento bem-intencionado mas desde logo votado ao fracasso, adulterar a paisagem... A questão que se coloca, nesses casos, será: quanto tempo é que vai durar? A solução adoptada - seja um portão, um gradeamento, uma rede ou similares - entenda-se.
Para não se ficar a pensar que sou um mal-intecionado, concedo a hipótese dos senhores que fecharam a dita gruta terem agora adoptado esta solução pouco usual, de se "livrarem" de parte da rede, por terem perdido as chaves dos cadeados ou estes já não abrirem por estarem demasiadamente ferrugentos :) Afinal o trabalhinho está feito com tal primor - não se limitaram a abrir um buraco e entortar a rede de forma grosseira, e nem sequer deixaram os restos no terreno - que será de pensar que foi feito por gente conscienciosa. Antes isso... De resto, nas outras grutas aí existentes as vedações de rede vão-se mantendo! Mas justiça seja feita, em algumas delas também não constituem qualquer óbice à entrada nas mesmas ;-)
12/07/2011
Nas Profundezas do Sensível
As cerimónias mais sagradas das tribos que habitam os pueblos têm lugar nos kivas, as câmaras subterrâneas, ou parcialmente subterrâneas, também chamadas "ventres" por grande parte do povo pueblo. Entra-se na kiva descendo por uma escada que passa por um buraco no tecto e, depois da cerimónia, sai-se da kiva subindo para a mesma abertura, a mesma sipapu, voltando a experimentar - e renovando - a emergência primordial ao sair do mundo subterrâneo - tocas, cavernas, canhões, pequenas depressões do solo e até pedras - são consideradas sipapu pelos povos pueblo, e recordam-lhes assim a sua origem debaixo do chão que agora os sustenta. Deste modo, a experiência individual do nascimento é relacionada com a emergência colectiva da vida de debaixo do chão. Similarmente, a morte dos homens, para os povos orais, é não somente um acontecimento pessoal, mas também uma transformação para reentrar na terra, um processo pelo qual a sensibilidade individual se abre para fora indo ao encontro do campo de sensações envolvente e mais-do-que-humano." (Abram, 2007; p. 224-225)
11/07/2011
Grutas...
Almeida Garrett
Imagem do post A Gruta do blog Nelson Bloggado.
Batalha (II)
"O fruto que a serpente ofereceu foi o seu próprio veneno.
Uma inoculação de insurreição, uma poção de prosperidade, amanhada de propósito para abanar os ânimos adormecidos pelo sacratíssimo aprazimento.
Do ponto de vista da serpente, a criação celestial precisava, com urgência, de progredir para não estagnar e nada a despertaria com tanto dinamismo, com tanta potência, quanto uma dentada - se viesse com veneno, ainda melhor. Não foi à toa que a cobra foi considerada a mais sábia das criaturas do Éden oriental: a sua zurrapa zerumbáticodôntrica discissou a burrice barrenta para deixar à mostra o gérmen genial que nos séculos seguintes iria transformar a terra.
Tónicos neurotóxicos que, não nos conseguindo matar, nos deixaram mais perspicazes. Mais astutos. Veneno ofídico, espremido para cadinhos de pedra, amalgamado com aromas saboreáveis e libado como medicamento?
Como fármaco - cujo hierografito genérico é, ainda, um crisol e uma serpente?
Essa representação encerrava todos os homens intoxicados que, na alvorada da história, alucinaram imagens do futuro e as petrografaram nas paredes das cavernas. Encerrava todos os feiticeiros e físicos que perceberam o potencial paliativo da peçonha e a empregaram para sarar e para avançar as suas consciências." (Soares, 2011; p. 184)
Azulejo na Estação dos Caminhos de Ferro do Rossio: Pessoa e "O caminho da serpente" (Mestre Lima de Freitas, 1996)
A Concepção da Rocha
A primeira referência a esta gruta reporta-se à sua (re)descoberta, em 1822, e à estória que se seguiu ao suposto achamento no seu interior de uma "imagem de cerâmica envolta em pobre manto a delir-se de velhice e humidade": a Senhora da Conceição. Os eventos que se sucederam levaram à construção do Santuário de Nossa Senhora da Conceição da Rocha.
Na verdade, esta gruta já tinha sido descoberta há muito. Tal como tantas outras, suas congéneres da Península de Lisboa, foi utilizada como necrópole e abrigo, tendo sido encontrados ossos humanos e materiais pré-históricos (líticos e cerâmicos) atribuídos aos períodos Neolítico, Calcolítico e Contemporâneo. Não devemos ignorar que a escassos quilómetros se situam as Grutas da Quinta da Moira, as Grutas de Leceia e a Gruta da Ponte da Laje, para não falar das Grutas do Vale de Alcântara ou da Serra de Monsanto, entre outras. Aliás, existem registos (que tivemos oportunidade de confirmar em parte) que dão conta de sete abrigos/grutas nas imediações da Gruta da Rocha onde também foram recolhidos materias pré-históricos e históricos.
09/07/2011
Cova da Raposa
08/07/2011
Batalha
Na página da editora Saída de Emergência podemos ler o seguinte comentário acerca deste novo trabalho: "Em Batalha, David Soares apresenta uma história em que os animais são protagonistas. Passado no início do século XV, Batalha é um romance sombrio, filosófico e comovente, que observa o fenómeno religioso do ponto de vista dos animais e especula sobre o que significa ser-se humano.
Batalha, a ratazana, procura por sentido, numa viagem arrojada que a levará até ao local de construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, o derradeiro projecto do mestre arquitecto Afonso Domingues. Entre o romance fantástico e a alegoria hermética, Batalha cruza, com sensibilidade e sofisticação, o encantamento das fábulas com o estilo negro do autor."
Éticas e Estéticas da Terra
A primeira conferência, que decorreu no dia 6 de Maio, versou sobre a obra Walden ou a Vida nos Bosques (1854), da autoria de Henry Davis Thoreau, tendo sido apresentada por Viriato Soromenho Marques e comentada por Isabel Capeloa Gil. Ontem foi a vez do livro Pensar como uma Montanha (A Sand County Almanac, 1949), de Aldo Leopold, apresentado por John Baird Callicott e comentado por Maria José Varandas.
A razão de noticiar esta iniciativa no Spelaion prende-se precisamente com as temáticas da visão, da relação e da expressão/representação da e na Natureza por parte dos Humanos. De certa forma, continuamos na sequência de posts acerca da relação do Humano com o Não-Humano, consigo mesmo, com o outro e com a Natureza como um todo de que se faz parte... Nesse contexto, tanto Walden como Pensar como uma Montanha, sendo uma celebração do mundo natural, aproximam os leitores da Natureza através da estreita vivência no seu seio, preparando-os para sensitivos voos que os conduzirão a novas (ou, quem sabe, antigas) espiritualidades e éticas baseadas em visões holísticas, segundo Callicott, "incompatible with our Abrahamic concept of the world". Essa "toxic mix of biblic anthropocentric dominionism and consumerism" levou esse filósofo americano a defender a necessidade de primeiro destruir para depois construir uma nova metafísica, baseada nomeadamente na tentativa de acabar com as vigentes dualidades de modo a atingir a unidade na busca de uma mundividência sustentada. E, muito importante, como salientou Maria José Varandas: "A ética da Terra é também uma estética da Terra".
Quando o Xamã Voava
Na impossibilidade de resumir esta extensa obra de 490 páginas direi apenas que se trata de um texto marcadamente original, que foge a lugares comuns e às simplificações (para não dizer adulterações) a que muitos livros sobre xamanismo nos têm habituado. Este é um livro que, não temendo adentrar-se na natureza do fenómeno xamânico, procura trilhar os remotos e antiquíssimos caminhos dos nossos ancestrais. Quando começa "a perceber-se, finalmente, que muita da arte rupestre é essencialmente um conjunto de imagens recebidas em transe que dão forma visual às crenças subjacentes que enformam a prática extática do Xamanismo" (Lascariz, 2011; p. 96).
07/07/2011
Chamanismo en las cuevas paleolíticas
Imagens inclusas no texto: imagens teriomórficas da Gruta de Gabillou (Dordonha - França), em cima à esquerda, e da Gruta de Trois-Frères (Ariège - França), em abaixo à esquerda e à direita.