Um grupo de cientistas brasileiros visitou, pela primeira vez, algumas cavernas consideradas sagradas pela etnia ianomâni situadas na região do Alto Rio Negro (Amazonas). Segundo a notícia de Isabel Fraga publicada na revista Ciência Hoje, a antropóloga Maria Inês Smiljanic, da Universidade Federal do Paraná, defende que o povo ianomâni possui concepções xamânicas nomeadamente no que concerne à sacralidade de determinados locais que terão sido criados pela divindade Omawe como casas para os hekula - espíritos de plantas, animais e seres mitológicos. Para essa antropóloga: "Os locais de moradia dos espíritos devem ser respeitados, pois da boa vontade destes depende toda a vida sobre a terra. Essa ideia não se refere especificamente às cavernas, mas, como há predominância de alguns espíritos em certas regiões, pode ser que o local de moradia de alguns espíritos coincida com a presença de alguma caverna." Daí a necessidade, pelo que pensam os ianomânis, de se realizar um ritual de protecção, conduzido pelo cacique Joaquim Figueiredo, de modo a que os espíritos pudessem "reconhecer o cheiro e o visual do homem branco, que poderia ser visto como ameaça". Na área correspondente ao Paque Nacional do Pico da Neblina, onde se situam terras ianomâni, não são permitidas actividades turísticas e o posicionamento dos índios não suscita quaisquer dúvidas: "não querem abrir as cavernas para visitação turística, pois muitas delas são sagradas para esses povos". E fazem muito bem...
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