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"A Senhora ibérica da Conceição/Concepción - a autêntica Senhora da Conceição popular - é a herdeira directa do mais antigo culto da Magna Mater criadora, a Lua-Mãe em sintonia com a Terra-Mãe." (Espírito Santo, 2004; p. 12)
"O protótipo da lenda portuguesa da Moura Encantada - que é da cultura fenícia ou púnica - foi criado a partir da palavra m'wra ("luzeiro, sol ou lua")." Espírito Santo, 2004; p. 79) Segundo o autor, essa palavra m'wra (maora) tem igualmente afinidades com mowrh (mauora) com o significado de "cova, caverna" e, curiosamente, "nudez", entre outras significações.
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"Esta invocação e esta imagem foram o melhor caminho para se passar do culto matriarcal da Magna Mater, da Criadora para o de Maria." (Espírito Santo, 2004; p. 105)
"As imagens populares da Conceição (a que concebe), além de terem um menino, identificam-se pelo crescente lunar, por uma serpente aos pés (por vezes, a serpente enrola-se ao busto) e um diadema de doze estrelas. O crescente lunar aos pés e a serpente são os sinais identificadores da "verdadeira imagem" da Conceição. Nas espanholas e alentejanas o crescente é larguíssimo, desproporcionado relativamente à imagem (também evoca chifres de bovino); geralmente é postiço ou amovível, de modo que, aquando das procissões, tira-se para não tocar nos acompanhantes." (Espírito Santo, 2004; p. 107)
"A serpente das imagens da Conceição (a que concebe) é um símbolo da Magna Mater. Segundo as crenças antigas, a serpente reproduz-se por partenogénese (engendra filhos por sua única iniciativa, sem participação masculina) e é imortal, porque muda de pele. Por isso, é um avatar da Lua e da Terra que também mudam, morrem e renascem." (Espírito Santo, 2004; p. 108)
"O crescente lunar da Senhora da Conceição denuncia que esta sucedeu ao culto da Lua considerada a autora da procriação humana e animal e dos ritmos naturais. Em Portugal, o culto à Lua durou até ao século XX como veremos, e é de origem oriental (babilónica, fenícia, egípcia e púnica). (...) Todas as antigas religiões do Mediterrâneo (excepto a romana oficial) veneravam a Lua. Era a autora da procriação humana, animal e vegetal. No Próximo Oriente foi antropomorfizada com imagens e nomes próprios: Sin, Istar, Astarté, Ísis e, em Cartago romanizado, Celestis, representadas como uma mulher com um crescente lunar sobre a fronte. A Senhora Ibérica da Conceição/Concepción (a que concebe) é a sua herdeira directa." (Espírito Santo, 2004; p. 109)
"Para os lusitanos, a Lua foi uma potência divina. Há trinta ou cinquenta anos, o povo português ainda rezava à Lua." (Espírito Santo, 2004; p. 178)
"O morro mais elevado da serra dos Candeeiros (520 metros) chama-se, segundo consta na Cartografia militar, Monte da Lua e as colinas em volta deste, Serra da Lua. (...) Foi a serra da Lua como a de Sintra." (Espírito Santo, 2004; p. 381)
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3 comentários:
Muito interessante esta iluminação nesta noite de luar
Muito obrigado pelo comentário.
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