27/08/2008

Ai o raio das ventoinhas

Uma notícia no Público on line, da autoria do jornalista Nicolau Ferreira, deu conta de um estudo no qual se chegou à conclusão que a elevada taxa de mortalidade de quirópteros provocada por aerogeradores é devida a hemorragias internas. O estudo, conduzido por Erin Baerwald, da Universidade do Calgary (Canadá), foi publicado ontem na revista científica Current Biology. O artigo em causa refere que o movimento das pás causa uma diminuição da pressão atmosférica, responsável pelo rebentamento dos vasos sanguíneos dos pulmões desses mamíferos.
Desde que os aerogeradores começaram a ser instalados por todo o mundo que surgiram cadáveres de aves e de morcegos na envolvente dessas instalações. Curiosa foi a ausência de feridas ou hematomas externos em muitos dos morcegos, o que tornava inexplicável a razão da morte desses mamíferos.
A proporção entre morcegos e aves mortas é preocupante. Há locais em que o número de cadáveres de morcegos é quatro vezes superior ao de aves, o que é bastante estranho tendo em conta que o sonar detecta melhor objectos em movimento do que parados.
Dos 75 morcegos que Erin Baerwald dissecou, 69 apresentavam hemorragias internas. “Uma descida na pressão atmosférica ao redor das pás das turbinas é uma ameaça indetectável e explica o grande número de fatalidades de morcegos”, afirmou o cientista.
Os investigadores portugueses também já detectaram este fenómeno. Uma das primeiras barreiras para se entender a proporção do problema é a quantificação do mesmo. “Os corpos são rapidamente apanhados pelos predadores e é geralmente difícil encontrar os cadáveres dos morcegos”, explicou ao PÚBLICO Jorge Palmeirim, biólogo e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Entretanto já existem propostas para lutar contra o problema: por exemplo, parar as turbinas durante os meses em que os morcegos migram. Segundo Nicolau Ferreira, “o biólogo sugere a paragem das turbinas durante as alturas em que existe menos vento, que é quando os morcegos estão mais activos nessas zonas.
Já tinhamos postado acerca destas ventoinhas que teimam em adulterar a paisagem de muitas elevações por esse país fora, também já conheciamos o fenómeno da mortalidade de diversas espécies de avifauna e de quirópteros, bem como o ruído perturbador (e desconhecido de muitos) que essas "geringonças" produzem, mas rebentamentos de vasos sanguíneos é obra! Ainda bem que o Instituto da Conservação da Natureza e, agora, da Biodiversidade autoriza a instalação destas "maquinetas", tão amigas do ambiente e promotoras da tão propalada e importante biodiversidade, em Áreas Protegidas!


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