Não, não é só no Algarve (no Allarve, quereria eu dizer!) que se encontram gritantes situações de desordenamento do território. Infortunadamente a ocupação desregrada do território, o caos urbanístico e a degradação da paisagem e do ambiente ocorrem mais ou menos de norte a sul do país, incluindo regiões autónomas (como não poderia deixar de ser!).
O orden(h)amento do território na Península de Lisboa, onde também ocorrem fenómenos cársicos tal como no Algarve (entre outras "coincidências"), toma proporções especialmente gravosas se tivermos em conta que aí se aglomera cerca de um terço da população portuguesa. O fenómeno tem repercussões a nível paisagístico e ambiental, mas não devemos ignorar os gravíssimos problemas sociais que daí advêm e, sobretudo, “o modelo de sociedade em que vivemos” de que resultam muitos dos problemas aqui focados.
Francisco Moita Flores escreveu, na última edição da Notícias Magazine (suplemento do Diário de Notícias nº 50926, de 7 de Setembro) um artigo de opinião sobre “Crime violento”. Nessa peça, Moita Flores expressa de forma bem clara que as implicações do desordenamento do território vão bem mais além do que as simples questões ambientais…
“(…) Julgo, porém, que no território das causas existe outra ordem de reflexão, a política, que determinou o modelo de sociedade em que vivemos. Cheia de desequilíbrios demo-urbanísticos (em torno de Lisboa vivem três milhões de almas que participam em 52 por cento dos crimes que existem no país), ausente de políticas de ordenamento do território, satisfeita com remendos ou foguetes no que respeita às políticas sociais, indiferente às alterações dos territórios do prazer, do risco, dos negócios clandestinos. Sem uma política nacional concertada de combate, a longo prazo, às assimetrias, à exclusão, ao desemprego, à solidão e sem uma visão estratégica da sociedade de anciãos que estamos a construir. A conflitualidade, as manifestações da agressividade, a evidência continuada da violência criminal, são matérias exclusivamente do foro político, e só muito depois das incompetências ou competência policiais.”
O orden(h)amento do território na Península de Lisboa, onde também ocorrem fenómenos cársicos tal como no Algarve (entre outras "coincidências"), toma proporções especialmente gravosas se tivermos em conta que aí se aglomera cerca de um terço da população portuguesa. O fenómeno tem repercussões a nível paisagístico e ambiental, mas não devemos ignorar os gravíssimos problemas sociais que daí advêm e, sobretudo, “o modelo de sociedade em que vivemos” de que resultam muitos dos problemas aqui focados.
Francisco Moita Flores escreveu, na última edição da Notícias Magazine (suplemento do Diário de Notícias nº 50926, de 7 de Setembro) um artigo de opinião sobre “Crime violento”. Nessa peça, Moita Flores expressa de forma bem clara que as implicações do desordenamento do território vão bem mais além do que as simples questões ambientais…
“(…) Julgo, porém, que no território das causas existe outra ordem de reflexão, a política, que determinou o modelo de sociedade em que vivemos. Cheia de desequilíbrios demo-urbanísticos (em torno de Lisboa vivem três milhões de almas que participam em 52 por cento dos crimes que existem no país), ausente de políticas de ordenamento do território, satisfeita com remendos ou foguetes no que respeita às políticas sociais, indiferente às alterações dos territórios do prazer, do risco, dos negócios clandestinos. Sem uma política nacional concertada de combate, a longo prazo, às assimetrias, à exclusão, ao desemprego, à solidão e sem uma visão estratégica da sociedade de anciãos que estamos a construir. A conflitualidade, as manifestações da agressividade, a evidência continuada da violência criminal, são matérias exclusivamente do foro político, e só muito depois das incompetências ou competência policiais.”
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