Enigma
No fundo de tudo quanto pensamos
Há a caverna do que nós vemos
Sonhos lhe bóiam na sombra aberta.
Uma árvore vela-a com rede-ramos
Terá de ramos luzindo pomos
Pomos-estrelas na noite deserta.
Por trás das costas do visto mundo
Por trás de nós se sonhamos ver,
Fogem de um onde ladeando estar,
Ramos sem sede cruzando o fundo
Do pensamento e caverna – ser
Com sonhos boiando no cavernar.
Quando – boiando do fundo da alma.
Com pomos luzindo na árvore-parte,
Com o segredo por trás de aquém…
Brilha um instante na luz sem calma
Como um relâmpago de’standarte,
E em tudo isto não há ninguém.
Fernando Pessoa, Poesia (1918-1930)
No fundo de tudo quanto pensamos
Há a caverna do que nós vemos
Sonhos lhe bóiam na sombra aberta.
Uma árvore vela-a com rede-ramos
Terá de ramos luzindo pomos
Pomos-estrelas na noite deserta.
Por trás das costas do visto mundo
Por trás de nós se sonhamos ver,
Fogem de um onde ladeando estar,
Ramos sem sede cruzando o fundo
Do pensamento e caverna – ser
Com sonhos boiando no cavernar.
Quando – boiando do fundo da alma.
Com pomos luzindo na árvore-parte,
Com o segredo por trás de aquém…
Brilha um instante na luz sem calma
Como um relâmpago de’standarte,
E em tudo isto não há ninguém.
Fernando Pessoa, Poesia (1918-1930)
Solestreira (Algarve) © Pedro Cuiça (2007)
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