“Uma imagem vale mais do que mil palavras.” Assim é que é, não é? Bom, mas tendo em conta que a relatividade revela que nem sempre as coisas são o que parecem, e vice-versa, convém ter alguma cautela no uso e seguidismo desta e de outras verdades feitas… O Princípio da Incerteza de Heisenberg, entre outras formulações, veio demonstrar, q.b., as diferenças entre ser e parecer, entre objectividade e subjectividade, entre…
Os ditados populares constituem geralmente tesourinhos - por vezes deprimentes, outras vezes inócuos e outras vezes ainda inspiradores - de sabedoria secular, ampla e gratuitamente propalados, geração após geração, através da tradição oral. Os ditados para além do simples e corriqueiro uso encerram amiúde significados e abrangências que proporcionam e incitam à reflexão. Nesse contexto e numa óptica espeleológica ou espeleísta (seja lá isso o que for!), ocorre-nos o velho e conhecido: “Pela boca morre o peixe”. Frase muitas vezes empregue com o sentido de que falar de mais pode ser prejudicial. Algo que surge em oposição ou em complementaridade de um outro tesourinho tão ou mais conhecido: “Ladram os cães e a caravana passa”. Qualquer coisa na linha de um raciocínio do tipo: antes falarem mal de nós do que pura e simplesmente nada dizerem ou antes dizerem mal do que nos ignorarem. Bien, é caso para perguntar: em que é que ficamos? Em caso de dúvidas basta aplicar as expressões, também muito conhecidas e bem portuguesas: “Meia bola e força” ou “Tudo ao molhe e fé em Deus”.
Estas reflexões surgem numa análise, é certo, superficial do panorama espeleológico português em que uns insistem em falar muito, mesmo muito, e outros persistem num silêncio quase sepulcral. Uns estão numa estratégia de “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e outros numa de “É melhor esperarem sentados para não cansarem as pernas”? Enfim, “Cada um sabe de si e Deus sabe de todos”! Pois é, nem mais! De resto, fica-nos a impressão de que, por vezes, uns estão numa postura mista de marketing directo e talk-show, que roça por vezes o cómico, e outros vivem uma vocação monástica ou de sociedade secreta do género “O Verdadeiro Almanaque Borda d’Água”. Não podemos esquecer ainda os que, numa óptica bipolar, alternam entre essas duas posturas extremas e, por vezes, extremadas. E, a bem da verdade, não esqueçamos ainda aqueles outros que, por opção, estão noutra e “foram pregar para outra freguesia” ou, pura e simplesmente, estão nas “tintas” para os tribalismos que (des)caracterizam o sector.
Dizem alguns que estilos, e gostos, não se discutem e talvez tenham razão, mas não podemos deixar de reflectir sobre as motivações mais profundas, as concepções alternativas ou os estilos diversos daqueles que são atraídos pelo mundo subterrâneo. Ossos do ofício ou simples estudo de caso!? Essa fenomenologia vem de longe e recorda-nos o famoso Athanasius Kircher e o seu Mundus Subterraneus (1665), entre outros autores, obras ou outros modos de expressão, sejam estes sob a forma de palavras, de imagens ou outras.... É certo que Kircher não precisou do bestiário cavernícola que avançou nessa conhecida obra para ser profusamente conhecido, mas certo é que ajudou… Nem que seja no fechado e claustrofóbico meio espeleológico que, apesar de comportar algumas atracções pelo esoterismo, costuma cingir-se a praxis mais terra-a-terra, geralmente previsíveis e mais ou menos politicamente correctas.
Moral da estória: cada um faça uso da razão e da emoção próprias da forma que melhor lhe aprouver, à sua moda ou estilo, seja através de imagens ou de palavras, e sobretudo não se esqueça que as aparências iludem ou as "iludências aparudem"! Nem sempre o que parece é...
Os ditados populares constituem geralmente tesourinhos - por vezes deprimentes, outras vezes inócuos e outras vezes ainda inspiradores - de sabedoria secular, ampla e gratuitamente propalados, geração após geração, através da tradição oral. Os ditados para além do simples e corriqueiro uso encerram amiúde significados e abrangências que proporcionam e incitam à reflexão. Nesse contexto e numa óptica espeleológica ou espeleísta (seja lá isso o que for!), ocorre-nos o velho e conhecido: “Pela boca morre o peixe”. Frase muitas vezes empregue com o sentido de que falar de mais pode ser prejudicial. Algo que surge em oposição ou em complementaridade de um outro tesourinho tão ou mais conhecido: “Ladram os cães e a caravana passa”. Qualquer coisa na linha de um raciocínio do tipo: antes falarem mal de nós do que pura e simplesmente nada dizerem ou antes dizerem mal do que nos ignorarem. Bien, é caso para perguntar: em que é que ficamos? Em caso de dúvidas basta aplicar as expressões, também muito conhecidas e bem portuguesas: “Meia bola e força” ou “Tudo ao molhe e fé em Deus”.
Estas reflexões surgem numa análise, é certo, superficial do panorama espeleológico português em que uns insistem em falar muito, mesmo muito, e outros persistem num silêncio quase sepulcral. Uns estão numa estratégia de “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e outros numa de “É melhor esperarem sentados para não cansarem as pernas”? Enfim, “Cada um sabe de si e Deus sabe de todos”! Pois é, nem mais! De resto, fica-nos a impressão de que, por vezes, uns estão numa postura mista de marketing directo e talk-show, que roça por vezes o cómico, e outros vivem uma vocação monástica ou de sociedade secreta do género “O Verdadeiro Almanaque Borda d’Água”. Não podemos esquecer ainda os que, numa óptica bipolar, alternam entre essas duas posturas extremas e, por vezes, extremadas. E, a bem da verdade, não esqueçamos ainda aqueles outros que, por opção, estão noutra e “foram pregar para outra freguesia” ou, pura e simplesmente, estão nas “tintas” para os tribalismos que (des)caracterizam o sector.
Dizem alguns que estilos, e gostos, não se discutem e talvez tenham razão, mas não podemos deixar de reflectir sobre as motivações mais profundas, as concepções alternativas ou os estilos diversos daqueles que são atraídos pelo mundo subterrâneo. Ossos do ofício ou simples estudo de caso!? Essa fenomenologia vem de longe e recorda-nos o famoso Athanasius Kircher e o seu Mundus Subterraneus (1665), entre outros autores, obras ou outros modos de expressão, sejam estes sob a forma de palavras, de imagens ou outras.... É certo que Kircher não precisou do bestiário cavernícola que avançou nessa conhecida obra para ser profusamente conhecido, mas certo é que ajudou… Nem que seja no fechado e claustrofóbico meio espeleológico que, apesar de comportar algumas atracções pelo esoterismo, costuma cingir-se a praxis mais terra-a-terra, geralmente previsíveis e mais ou menos politicamente correctas.
Moral da estória: cada um faça uso da razão e da emoção próprias da forma que melhor lhe aprouver, à sua moda ou estilo, seja através de imagens ou de palavras, e sobretudo não se esqueça que as aparências iludem ou as "iludências aparudem"! Nem sempre o que parece é...
6 comentários:
Caro Pedro,
É sempre bom encontrar no ciberespaço nacional alguém que escreve sobre um assunto tão pouco divulgado como a espeleologia, penso que está na hora de estabelecer pontes entre os poucos resistentes que restam, mas que realmente querem cortar com os velhos do Restelo.
Melhores cumprimentos
Antes de mais agradeço a v. atenção e as palavras amigas no que concerne à divulgação da espeleologia em “português de Portugal”. Isso é aquilo que tenho feito, desde a década de 80 do século passado, de forma mais ou menos contínua, como jornalista profissional mas também como simples cidadão “espeleólogo” (ou outra designação que se queira atribuir, pois já estou por tudo!). [E para que não restem dúvidas vão ser publicados todos os trabalhos no Spelaion para quem quiser tirar as elações que muito bem entender.] Dessa experiência que, diga-se, ainda não terminou fica-me, no entanto, a leve impressão de andar a pregar aos peixes… Tal tem sido a ausência de interesse e de feed-back, positivo ou negativo, que tenho tido por parte do meio espeleológico (supostamente o mais interessado pelo mundo da escuridão) ou outros (mais atreitos à luz do dia ou da ribalta). Facto que se constata facilmente pela ausência de comentários com que o Spelaion tem sido brindado! Nesse contexto, devem compreender a sinceridade e a importância dos meus agradecimentos (bem longe de serem de circunstância) que se estendem igualmente à colocação de uma ligação (a primeira) do vosso para o meu blogue.
Essa ligação entre blogues, tal como outras “interconectividades” virtuais ou outro tipo de laços mais palpáveis não são mais do que as tais pontes de que vocês falam e com as quais concordo inteiramente. No tocante aos resistentes, entre os quais suponho que me incluam, só posso interpretar tal qualificação no contexto de já andar nisto há tempo suficiente para ter juízo, tendo em conta que continuo contagiado pelo “bichinho” das grutas (de que muitos se curam após um passageiro contágio ou que lhes passa, à semelhança de outras doenças, com a idade). De resto, não estou contra nada, nem ninguém, exceptuando atitudes à velhos ou novos do Restelo porque, como quem me conhece bem sabe, não “papo grupos” e, por outro lado, como não vivo da espeleo (ou mesmo que vivesse) e, inclusivamente, estou de certo modo afastado do meio associativo nacional, não tenho nada a defender para além das minhas convicções. Portanto, podemos dizer que, nesta matéria, sou um anarco-libertário do sub-solo :) Sou e vou continuar a ser um observador atento da “espeleo” e vou continuar a praticar esta que foi a primeira actividade de ar livre a que me dediquei. Nesse sentido, talvez nos encontremos, um dia destes, num dos buracos da geografia pátria ou até possamos estreitar esta ponte que já nos une combinando uma actividade.
Com sinceras saudações espeleológicas,
Abraço
Pedro Cuiça
Caro Pedro,
O interesse e a qualidade de um blog não se mede pelos comentários.Nos meus «favoritos» o que não faltam é blogs sem comentários.Eu sou 1 fiel visitante do Spelaion sempre à espera de novo artigo, pois gosto de aprender com quem mais sabe e está por dentro da Espeleo Nacional.
Continue sem desanimar a escrever.Abraço
Muito obrigado pelas suas animadoras palavras. Bem sei que a qualidade de um blogue não se mede pela quantidade de comentários, se assim fosse já teria desistido... Apenas me apraz expressar os meus pontos de vista sobre um assunto que me apaixona. Por outro lado, estou habituado e, aliás, até me estimula remar contra a corrente. Portanto, “para bom entendedor meia palavra basta”…
Fico contente por saber que é um fiel visitante do Spelaion mas, se me permitir um reparo, não serei certamente quem mais sabe sobre espeleologia, nem me conduzo por semelhantes motivações. De qualquer modo, agradeço-lhe o elogio. Pode contar com o meu empenho e, desde já, com a garantia de que não vou desanimar.
Grande Abraço
Pedro Cuiça
Caro Pedro
Não nos conhecemos pessoalmente mas acho que por uma vez falamos ao telefone; e por acaso até era para uma saída de espeleo para o algar da Lomba (tempo em que a SPE tinha uma pagina com as expedições...lembras-te?).
Estou na espeleo por paixão, e também me incluo nos resistentes, pois somos sensivelmente da mesma idade. Eu inclusive até já tive motivos para mandar a espeleo ás urtigas, mas a paixão foi maior e ainda continuo em actividade. Infelizmente não posso disponibilizar o tempo que gostaria. Mas o bicho continua e a falta do cheiro a acetileno e dos companheiros, faz-me sentir saudades da sofrida e húmida espeleo.
Temos amigos em comum, mas por desencontros da vida nunca nos cruzamos. Sei que não é a gruta dos sonhos de ninguém, mas para breve terei de voltar à gruta de Alvide para terminar a topografia. Com certeza que seria uma boa oportunidade de partilharmos experiências. Só tens que sujar o fato...
Um abraço
Pedro Robalo
(Membro Suspenso)
Caro Pedro Robalo
Lembro-me perfeitamente; sou capaz de me esquecer o que comi ontem ao almoço mas para estas coisas tenho memória de elefante :)
Estou a ver que fizemos "travessias do deserto" com pontos em comum; tal como tu também já tive para mandar a espeleo às urtigas mas preferi continuar com a espeleo e que alguém ficasse com a urtigas...
Eu conheço os encantos da Gruta de Alvide... Quando lá fores diz-me algo porque, se tiver oportunidade, terei todo o gosto em ajudar-te. Desta forma talvez possa contribuir para acabar a topografia que tinha começado e que suspendi :) Na verdade, não posso dispensar um bom banho de lama.
Grande Abraço
Pedro Cuiça
Enviar um comentário