09/03/2012

Active Destruction

A propósito da preservação passiva – que não deixará de ser uma forma “pró-activa” de se abster de actuar – será conveniente salientar o flagrante oposto: actuar activamente de forma negativa ocultando as respectivas acções sob uma pseudo-passividade que, em última análise, remete para o esquecimento! Complicado? Nem por isso. Um simples exemplo fará luz sobre esse fenómeno referente a estes mundos de escuridão...

Confirmámos há pouco tempo, através de um testemunho oral, aquilo que já suspeitávamos há alguns anos: a construção da Via do Infante (A22/IP1) teve impactes negativos significativos sobre o endocarso algarvio. Impactes que não devendo ser menosprezados puderam ser, pura e simplesmente, ignorados.

Desta feita trata-se da confirmação de algo bem mais gravoso do que os algares destruídos a que fizemos referência no Spelaion: trata-se da destruição de uma gruta de dimensões consideráveis e repleta de concreções de grande beleza… Voilá! O testemunho partiu de um indivíduo que sendo hoje pastor no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), na altura da implementação dessa via rápida participou nos respectivos trabalhos de construção. A gruta, situada a sul de Loulé, foi atulhada e votada ao esquecimento! Simples, não é? Conclusão: “a vida dá muitas voltas” e…

O fenómeno da destruição activa não se circunscreve, infortunadamente, à tipologia do exemplo descrito que, sendo profundamente impactante, pôde curiosamente passar despercebido, excepto no que concerne aos ilusionistas (que criaram a ilusão) de que nada de anormal se estaria a passar! Outras formas de actuar activamente, de forma negativa, revestem-se contudo de roupagens aparentemente positivas podendo, desta forma, surgir “às claras”, branqueadas ou esverdeadas (?), sob a alçada de uma espécie de “marketing cavernoso”. Trata-se de outro tipo de ilusionismo que, se não estivermos numa atitude passiva, poderemos certamente abordar… Um dia, quem sabe?

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