22/04/2009

Simplesmente eco-lógico

Hoje comemora-se o Dia da Terra e, por isso, desenvolvem-se inúmeras iniciativas para celebrar esta data. As edições especiais ou suplementos nos media são regra, tais como as inevitáveis palavras ou conceitos-chave: efeito estufa, alterações climáticas, subida do nível médio das águas do mar, energias alternativas, sustentabilidade, pegada ecológica, reciclar, reutilizar, reduzir, etc.. O jornal Público editou um “Suplemento Dia da Terra”, o jornal Metro apresentou uma “edição verde”, inteiramente dedicada a questões ambientais e (pasme-se) em papel verde, onde lançou o projecto Go Green, etc., etc., etc..
Para comemorar este 22 de Abril, o National Geographic Channel apresenta uma maratona de 24 horas de programas sobre o planeta Terra e formas alternativas de promover a sua conservação. No site do National Geographic Channel tem-se acesso ao microsite Dia da Terra 2009, com conteúdos sobre ambiente e vídeos com testemunhos de cidadãos portugueses relatando pequenos gestos que põem em prática por uma cultura ambiental responsável. O Nat Geo Music organiza um concerto a partir da Piazza Del Popolo, em Roma (Itália), com atracções musicais entre as quais se destaca Ben Harper. Enfim, não faltam iniciativas...
Afinal parece que ainda podemos ter alguma esperança face à cegueira ou ao autismo perante a destruição dos recursos naturais. A sensibilização ambiental é crescente e, sobretudo, apesar de muitas vezes as eco-campanhas não passarem disso mesmo (a venda de produtos com base no rótulo “verde”) e as propostas de preservação/conservação da natureza não passarem de tiros ao lado ou mesmo tiros no pé, por vezes constata-se a ocorrência de disparos mais certeiros! Regressar aos estilos de vida dos anos 70, segundo um estudo publicado no International Journal of Epidemiology, para reduzir o consumo, o número de obesos e, inclusive, as emissões de dióxido de carbono?! E se regressássemos a tempos ainda mais recuados? Começamos a “colocar o dedo na ferida”? A necessidade de mudar hábitos de vida para soluções sustentáveis, duráveis, “ecológicas”? Pois, dito assim, nem parece difícil. No entanto, isso implica mudanças reais, concretas, diremos mesmo radicais.
(…) Tempos de crise como os que hoje atravessamos devem-nos levar a repensar muitos do hábitos fáceis que adquirimos. Não basta, por exemplo, trocar as lâmpadas normais por lâmpadas de baixo consumo: é necessário fazer como os nossos avós, que apagavam a luz quando saíam da sala. Não chega escolher um frigorífico mais eficaz ou uma televisão mais económica, é necessário aprender a utilizá-los de forma racional. E não se pode continuar a escolher um automóvel sem olhar para os níveis de emissão de CO2.
Tudo isto e muito mais tem de ser feito porque nem que colocássemos torres eólicas em todas as cristas das nossas serras e forrássemos o Alentejo de painéis solares produziríamos a energia suficiente para as nossas necessidades. As renováveis são boas, mas não resolvem todos os problemas se mantivermos os nossos actuais hábitos de consumo. É bom não ter ilusões.
” [José Manuel Fernandes ● Editorial in jornal Público (Ano XX, nº 6959, 22/Abr. 09)]
Não temos alternativa, temos de ser simplesmente eco-lógicos sempre, porque todos os dias são Dia da Terra. E este Planeta Azul, Terra Mãe ou Gaia, como se lhe queira chamar, é o nosso lar...
Mas hoje o que não falta são as iniciativas, até a Google adornou-se para a ocasião. Aproveite e faça uma busca acerca deste dia e do estado do ambiente planetário.

Sem comentários: