O Diário de Notícias de 17 de Janeiro de 2009 deu a conhecer o caso de um homem que habita numa gruta, como se tal fosse único! Segundo essa fonte: “Manuel Maria Dias, 80 anos, é talvez o último dos homens primitivos a viver em Portugal. Tem milhares de euros a receber da reforma mas habita uma caverna escavada entre duas pedras em Seixo da Beira, concelho de Oliveira do Hospital.” Acontece que se tal comportamento será de estranhar, tendo em conta que nos encontramos no século XXI, ou seja mais de 30 mil anos depois dos famosos trogloditas do Paleolítico (vulgo “homens das cavernas”), fazer de uma gruta habitação não é caso único no nosso país. De facto, conhecemos vários exemplos, espante-se, na Área Metropolitana de Lisboa… Sim, em plena capital e seus arredores. E se a tão falada (e cada vez mais sentida) crise se acentuar talvez se assista a um recrudescimento do fenómeno. Falamos de recrudescimento porque há algumas décadas atrás centenas de pessoas habitaram em grutas na região de Lisboa…
Mas regressemos à notícia em causa. Segundo o autor, Amadeu Araújo: “Não há luz, nem água canalizada. A higiene, da casa e a pessoal, é feita ao lado dos cobertores estendidos no chão enlameado. A barba e as unhas demonstram o isolamento a que se votou. Ao lado das penedias em que habita, está o início de um barracão que a junta de freguesia iniciou. De nada valeu. Manuel Maria Dias é um homem livre. Nem a reforma quer. "Tem algum jeito nunca ter dado nada ao Estado e agora querem dar-me a mim?", pergunta-se.” O octogenário mora num terreno que o pai comprou “antes de ir para o Brasil”. A casa, como chama ao seu abrigo desde há cerca de cinco anos, são duas pedras cobertas com plástico e pinheiros. “Lá dentro uma protuberância das rochas guarda a água que serve para cozinhar e limpar. Ao lado está a cama e ao fundo, numa reentrância dos penedos fica a dispensa.”
As compras “são feitas uma vez por mês”, quando vai à feira e os seus dias são passados na lavoura... “Semeio centeio e faço pão.” A carne que come só é comprada “de vez em quando”. E o frio? - pergunta o jornalista. “Agacho-me aqui e faço uma fogueira.” A fogueira encontra-se no mesmo buraco onde dorme e é alimentada com lenha que vai queimando à medida das necessidades. Apesar de tudo, é aqui que Manuel é feliz, ao ponto de rejeitar mudar de vida. “Sou feliz aqui. É a vida de um pobre homem só. Triste mas uma vida.”
Mas regressemos à notícia em causa. Segundo o autor, Amadeu Araújo: “Não há luz, nem água canalizada. A higiene, da casa e a pessoal, é feita ao lado dos cobertores estendidos no chão enlameado. A barba e as unhas demonstram o isolamento a que se votou. Ao lado das penedias em que habita, está o início de um barracão que a junta de freguesia iniciou. De nada valeu. Manuel Maria Dias é um homem livre. Nem a reforma quer. "Tem algum jeito nunca ter dado nada ao Estado e agora querem dar-me a mim?", pergunta-se.” O octogenário mora num terreno que o pai comprou “antes de ir para o Brasil”. A casa, como chama ao seu abrigo desde há cerca de cinco anos, são duas pedras cobertas com plástico e pinheiros. “Lá dentro uma protuberância das rochas guarda a água que serve para cozinhar e limpar. Ao lado está a cama e ao fundo, numa reentrância dos penedos fica a dispensa.”
As compras “são feitas uma vez por mês”, quando vai à feira e os seus dias são passados na lavoura... “Semeio centeio e faço pão.” A carne que come só é comprada “de vez em quando”. E o frio? - pergunta o jornalista. “Agacho-me aqui e faço uma fogueira.” A fogueira encontra-se no mesmo buraco onde dorme e é alimentada com lenha que vai queimando à medida das necessidades. Apesar de tudo, é aqui que Manuel é feliz, ao ponto de rejeitar mudar de vida. “Sou feliz aqui. É a vida de um pobre homem só. Triste mas uma vida.”
Gruta habitada de forma permanente situada no concelho de Oeiras. [© Pedro Cuiça (2009)]
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