No passado sábado (19 de Maio) assisti a uma palestra na qual
me “ensinaram” que há 10 mil anos atrás ocorreu um “cataclismo” resultante da
queda de um meteorito, que originou uma cratera com 300 km de diâmetro e um
tsunami com 500 metros de altura (que passou a 1000 metros em terra);
responsável, concomitantemente, pelo degelo de glaciares com 30 km de altura e
pela extinção dos elefantes na baixa de Loures! Entretanto, antes da dita
sucessão de eventos, era costume esses glaciares no Verão estarem à latitude da
Irlanda e no Inverno descerem até aos Pirenéus!! Por sua vez, há 6000 a.C. deu-se
o enchimento do Mediterrâneo que até aí estava seco de Itália até, pelos
vistos, ao Estreito de Gilbraltar!!! Essa pretensa geo-história não me chocou
pela sua inverosimilhança e, menos ainda, por alterar tudo aquilo que aprendi
na licenciatura de geologia ou nas minhas amadoras leituras sobre pré-história,
afinal a mudança de conceitos é prática corrente em ciência, apenas me deixou
algo mal disposto tendo em conta que não estou habituado a “shakes” que originem
“misturas” tão poderosas!
Nesse mesmo dia adquiri um livro que, por coincidência (?),
também referia que um “cataclysme écologique a entraîné des bouleversements
radicaux”, sem identificar as causas do mesmo; claro está, sem falar em quedas
de meteoritos e tsunamis associados. Espantoso é ignorar que tal se insere numa
sequência de outros eventos similares de glaciações (Biber, Donau, Günz, Mindel e Riss) e de interglaciações que levaram à
definição do Quaternário ou Antropozóico… Os factos são certamente melhor
explicados à luz dos ciclos de Milankovitch do que por tsunamitos ou outras
ausentes "evidências"! A transgressão Flandriana que se seguiu ao final do Würm continua até hoje e, pelos vistos, o próprio aquecimento
global de que tanto se fala, por outro lado é curioso que não se vislumbre a “extinção
em massa” que está a ocorrer agora mesmo “debaixo dos nossos olhos”! É tudo uma
questão de ritmo, melhor seria dizer de tempo: de facto processou-se (e ainda
se está a processar) um “cataclismo”, diremos uniformitarista :)
Já agora, publico aqui um pequeno “vídeo” sobre o Mesolítico como época de transição (entre o Paleolítico e o Neolítico), para uma nova maneira de entender o mundo; não como um período pós-traumático mas como uma nova “janela” de oportunidades evolutivas.
Sem comentários:
Enviar um comentário