23/05/2012

CATACLISMO UNIFORMITARISTA :)


No passado sábado (19 de Maio) assisti a uma palestra na qual me “ensinaram” que há 10 mil anos atrás ocorreu um “cataclismo” resultante da queda de um meteorito, que originou uma cratera com 300 km de diâmetro e um tsunami com 500 metros de altura (que passou a 1000 metros em terra); responsável, concomitantemente, pelo degelo de glaciares com 30 km de altura e pela extinção dos elefantes na baixa de Loures! Entretanto, antes da dita sucessão de eventos, era costume esses glaciares no Verão estarem à latitude da Irlanda e no Inverno descerem até aos Pirenéus!! Por sua vez, há 6000 a.C. deu-se o enchimento do Mediterrâneo que até aí estava seco de Itália até, pelos vistos, ao Estreito de Gilbraltar!!! Essa pretensa geo-história não me chocou pela sua inverosimilhança e, menos ainda, por alterar tudo aquilo que aprendi na licenciatura de geologia ou nas minhas amadoras leituras sobre pré-história, afinal a mudança de conceitos é prática corrente em ciência, apenas me deixou algo mal disposto tendo em conta que não estou habituado a “shakes” que originem “misturas” tão poderosas!
Nesse mesmo dia adquiri um livro que, por coincidência (?), também referia que um “cataclysme écologique a entraîné des bouleversements radicaux”, sem identificar as causas do mesmo; claro está, sem falar em quedas de meteoritos e tsunamis associados. Espantoso é ignorar que tal se insere numa sequência de outros eventos similares de glaciações (Biber, Donau, Günz, Mindel e Riss) e de interglaciações que levaram à definição do Quaternário ou Antropozóico… Os factos são certamente melhor explicados à luz dos ciclos de Milankovitch do que por tsunamitos ou outras ausentes "evidências"! A transgressão Flandriana que se seguiu ao final do Würm continua até hoje e, pelos vistos, o próprio aquecimento global de que tanto se fala, por outro lado é curioso que não se vislumbre a “extinção em massa” que está a ocorrer agora mesmo “debaixo dos nossos olhos”! É tudo uma questão de ritmo, melhor seria dizer de tempo: de facto processou-se (e ainda se está a processar) um “cataclismo”, diremos uniformitarista :)
Já agora, publico aqui um pequeno “vídeo” sobre o Mesolítico como época de transição (entre o Paleolítico e o Neolítico), para uma nova maneira de entender o mundo; não como um período pós-traumático mas como uma nova “janela” de oportunidades evolutivas.

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