14/06/2012

Essa não é a nossa condição


Não, desta feita não vamos falar sobre a "franga dos ovos d'ouro"! Não é que a "coisa" não merecesse ser (re)abordada até à exaustão, para demonstrar de forma reiterada a perversidade e o absurdo de tal galináceo... Voltamos ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) para, mais uma vez, abordarmos o "marisque"! Não, não nos referimos ao negócio new age das "ventoinhas",  tipo "delícias do mar", referimo-nos ao tradicional marisco que dá pelo nome de "pedreiras". Já fizemos alusão ao fenómeno em 2008 e em 2009, mas nunca é demais voltar a um assunto de tal calibre. Ainda para mais quando tal matéria volta a despertar a atenção dos media, estando na "ordem do dia". O Jornal de Leiria publicou hoje um artigo, de Raquel de Sousa Silva, precisamente sobre a extracção de recursos: Exportação de pedra cresce e agrava destruição da paisagem das Serras de Aire e Candeeiros.
Temos perfeita consciência de que a indústria extractiva dá trabalho a bastante gente, no PNSAC tal como noutras áreas curiosamente ditas "protegidas", de que o Parque Natural da Arrábida (PNA) é outro (mau) exemplo, assim como estamos cientes que o vinho já terá dado de comer a um milhão de portugueses! Tudo muda, tudo se transforma e nunca será tarde para investir em novos paradigmas de desenvolvimento, já agora verdadeiramente sustentáveis e que garantam uma eficaz conservação da natureza. Afinal não é para garantir a conservação da natureza que os parques naturais foram criados?
Também já sabemos que pregar aos peixes é algo inglório, tal como pregar a galinhas, a mariscos e, ainda para mais, a delícias do mar; assim como adoptar atitudes quixotescas de combate a "ventoinhas". No entanto, antes ser lírico ou utópico do que alinhar com os vendilhões do templo que é a natureza. Tal como escreveu Manuel Alho no prefácio do livro "Educação Ambiental em Portugal (LPN, 2003): se "o mundo é um lugar perigoso para se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer", como defendia Albert Einstein, essa não é a nossa condição.


2 comentários:

Luíza Frazão disse...

Concordo e apoio totalmente o que diz. Pedreiras são horríveis, torres eólicas horríveis são. A nossa compulsão para destruir a Natureza não tem limites... Os principais clientes da pedra portuguesa neste momento são... os chineses! E para quê? Para construirem cidades-fantasmas que ficam às moscas porque os coitados não têm dinheiro para comprar as casas...

Pedro Cuiça disse...

Obrigado pelas suas palavras Luíza Frazão... De facto, a protecção da Natureza não é meramente uma questão de ética, é também uma questão de estética :)